quinta-feira, 26 de março de 2009

CARCAÇA DE SITCOM


Todos vão comparar CHOKE com o indefectível CLUBE DA LUTA.. e como literatura temos que reconhecer que o autor PALANIHUK tem a capacidade de se superar a cada livro... mas o diretor CLARK GREEG não é DAVID FINCHER definitivamente. O livro é sujo e violento enquanto o filme mais parece um sitcom para adolescente... fora uma ou outra cena mais picante mas nada do que de vez em quando é visto por aí.
Prova de que um bom material em mãos amadoras e covardes praticamente definha toda a expectativa que voce havia criado com o livro. Pena por que atras da metáfora desconfortável e desfile de demencias proposta pela história , há uma alma pedindo socorro... angustiada e sufocada ( como a infeliz tradução do filme ) e a busca de um acontecimento unico que mude sua vida , e que nos empurra a falsas divinas revelações de nossas origens. Tudo isso acontece no filme, infelizmente num ritmo pobre que constrangeria se não fosse as dignas atuações de SAM ROCKWELL e e de algumas pérolas como "o pior dos boquetes é mais belo que a mais linda rosa". Os valores religiosos e romanticos ironizados pelo sexo casual seria obra-prima na mão de um diretor que fosse menos "televisão".

OLHANDO AS FIGURINHAS


O LEITOR é o típico filme contemplativo/intimista... algo que vem invadindo os roteiros que parecem estar submetidos a uma quase-censura. Imagino que há milhoes de cineastas apaixonados querendo exprimir sua arte... mas os grandes estúdios estão de olho em que mensagem deve ser passada (claro : aquela que inspira objetivos comerciais... que garantem o retorno do investimento ou patrocinado por interesses politicos mundiais), ao distribuir de forma massificada tal filme... As consequencias são de que as grandes produções passam por medíocres e as independentes sofrem o limbo da obscuridade.
Nesse caso, a obra de Daldry é carregado daquilo que não pode ser violentado pelos marqueteiro dos estudios: tecnica...Fotografia precisa e definitiva para o filme... entretanto não é só de figurinhas que se vive o in-leitor... A questão levantada envolvendo o holocausto no meio a um aprendizado sexual soa artificialmente mesmo com o esforço dos atores. Até é duvidoso o Oscar dado a Kate Winslet que apesar de ser uma atriz completa inpira desconforto mediante sua interpretação.
Ou seja: Um penetra na entrega do Oscar que acabou roubando a vaga do Cavaleiro das Trevas que ao menos desconstroi o cinema pop.

sexta-feira, 20 de março de 2009

CIDADE DE KRISHNA


O entretenimento está chegando ao limite... não porque haja um limite... o limite é imposto, pelo menos para o grande público que é responsável pelo ônus do mercado cinematográfico ocidental...
Procurar um ponto específico para agradar a s exigencias dos expectadores de cinema é muito mais complicado hoje para ganhar o dinheiro astronomico que se ganhava anos atras e os independentes tem sido a bola da vez, colocando para fora do eixo americano o grande olhar pop.
A Índia ( e a Inglaterra) com SLUMDOG MILIONARE encontrou seu nicho e abocanhou um gênero que só existe pelo fenômeno provocado por 2004 com CIDADE DE DEUS.
Danny Boyle viu sua possibilidade de contribuir ao estilo de Meirelles o seu estilo e não viu outro jeito de contar a história de um romance destinado e da ascenção de um descamisado a fortuna se não fosse com a ótica de um FILME FAVELA: Sujo, violento , esterotipado e no estilo documentário... dando a impressão de que o realismo e a realidade andam juntos.
Tecnicamente , o filme e impecável... Fotografia , e a inventividade da montagem é emocionante e inovadora... mas nada do que vemos é novo... estranho para um Boyle que sempre privou em seus filmes uma abertura experimental, no drama ou na forma de condução da narrativa ( O Di caprio Videogame de A Praia ainda é a aberração cinematografica original mais importante do cinema moderno desde que Felini resolveu nos deixar).
É como se Boyle resolvesse fazer seu Blockbuster sob a condição de exercitar estilos ( a homenagem da galinha para Meirelles é óbvia).
MAs tudo no oscar inusitado é época... e ver Boyle com aquele careca dourado na mão é mais do que uma justa adequação para o conjunto de sua obra... e como entretenimento SLUMDOG é único... como arte é tão profundo quanto um pires de cabeça para baixo.

terça-feira, 17 de março de 2009

CONTA AQUELA,GUY!!!


ROCKROLLA, é um atestado de que Guy Ritchie é um contador de piadas... e da mesma piada. Como aquele personagem icônico representado por um ator determinado momento da vida e que não larga mais de seu pé, por mais que ele se empenhe em fazer outros personagens.
Ritchie tatuou na mídia sua assinatura em seus primeiros dois filmes: os excelentes JOGOS,TRAPAÇAS E DOIS CANOS FUMEGANTES e SNATCH-PORCOS E DIAMANTES. E só voltou a ser feliz em Hollywood quando voltou com o mesmo tema.
O cara nasceu para criar gângsters (tantos os malvados como os patéticos) entregando para os atores personagens tão ou quase tão ricos quanto os de Tarantino. A diferença é que a intimidade que provoca é sedutora e você termina a película como se saísse do cinema para conversar com o cara que acabou de assistir.
Dessa vez, como já temos uma certa intimidade com o estilo de Ritchie, temos a tendencia de nos abrisr para a sua proposta dramática. E ele revela o perigo de que há quando um surge num contexto , mesmo que formado por trapaceiros , chefoes e assassinos, alguem que não tem nada a perder ( simbolizado pelo personagem que vive o artista que vive morrendo na mídia e retorna de uma hora para outra de qualquer clinica de reabilitação de drogas)
Mesmo para um mundo amoral, as regras de convivencia existem, a ética não é desprezada , só distorcida... e todos querem continuar no ramo, hora ganhando ,ora perdendo... o que não querem é que alguem venha e imponha uma nova lei que não se entende ou não há o que se entender...
Apesar da análise fazer entender que o filme tem um tom pesado, Ritche conta isso com humor apuradíssimo que quebra o terror imposto do submundo... onde pessoas são pessoas no seu patético rumo a identidade perdida. Como disse parece alguem que conhecemos...

sexta-feira, 13 de março de 2009

REENCARNAÇÂO DO MOJICA


Tudo o que se fala mundo afora de José Mojica Marins (o cineasta criador do ícone: Zé do Caixão) não passa de uma ode a autenticidade. E com razão... comprei um de seus filmes por curiosidade e acabei me tornando mais um fiél... sem idolatrias mas com um profundo respeito a quem nasceu para filmar... mas que comeu o pão que o Diabo amassou (sem trocadilho) para ver seus filmes acontecerem.
O reconhecimento foi tanto que militantes da área do cinema no Brasil se reuniram com esse senhor sexagenário e propuseram o projeto de ENCARNAÇÂO DO DEMONIO fechando a trilogia que fora interrompida em 68.
E para não usar de preconceito, nada como um comentário livre de paixões para hmenagear este que é um dos maiores cineastas vivos no Brasil.
Encarnação tem o melhor e o pior de Zé do Caixão... desde cenas claçadas numa maquiagem surpreendente sem efeitos especiais, como uma direção , montagem e fotografia eficiente como a canastrice rasgada de Mojica e seu personagem icônico. A favor da sua presença , o filme é uma caricatura de dois momentos cinematográficos no Brasil. O do porno-trash censurado da década de 70 com o ducumentarismo da época atula... como uma dicotomia cultural sangrando com um choque de gerações.
A mistura o próprio filme ensina a digerir, com a metáfora de Zé do Caixão vendo o mundo real em seu caos de trânsito, crianças drogadas e mortas e a vida moderna ignorando a natureza humana sendo trocada pela paz de um porão de torturas sádicas e ficticias como que um alívio impossivel contra stress de nossa propria luta diária.
Mojica sofisticou-se em sua câmera e até permitiu as inovações de montagem a favor de seu filme...e apesar das nítidas limitações e do roteiro violentado pela morte de Jece Valadão em plena filmagens ( e das claras cenas chupadas de alguns clássicos como "Coração Satânico") , o Velho Zé do Caixão provoca pesadelos... mas permite a nós , amantes do cinema sonhar com um cinema brasileiro puro, feito com a mais pura e inocente alma de quem comete o crime de fazer uma obra estruturada com talento e convicção.

segunda-feira, 9 de março de 2009

DILATAÇÂO DOS VALORES


Houve uma grata oportunidade de ler WATCHMEN , o mítico HQ de Alan Moore uma semana antes da estreia mundial de sua adaptação no cinema pelas mãos de Zack Snyder. Refuguei... Escolhi por um processo inverso ao de Ensaio sobre a cegueira por achar ideal ver a versão compacta e depois a série de doze Graphic Novel, para ter dois prazeres.
A impressão na TELONA é de que estavamos mesmo num túnel do tempo, como o personagem Mr. Manhatan que viajava por seu próprio passado, onde a transição 70-80 é magnificamente bem caracterizada.
A cena inicial é violenta e suja (unica vez, no qual se perde em10 minutos de filme) o suficiente para mostrar que estávamos numa viagem no mínimo incômoda... estavamos de repente numa perfeita reprodução do assassinato de Kennedy e vendo um Nixon velho governar o planeta. Snyder a cada frame parece homenagear o que é " A BIBLIA" dos quadrinhos... É genial em a idéia da desconstrução dos heróis em plena década de 80, onde a era Reegan buscava em Stallone /Rambo e Rocky o símbolo de uma nação viril e impenetrável... Essa era a mensagem crucial que tornou Moore um gênio.

O COMEDIANTE era a amoralidade do soldado americano, e suas cenas são poucas e definitivas... DR MANHATAN era a melancolia do da supremacia... RORSCHACH a sociopatia escondida atrás da justiça... O CORUJA o fã obsecado dependente de parafernalhas como um Batman frustrado... OZYMANDIAS a megalomania a serviço da humanidade e ESPECTRAL carrega o legado da fama de sua mãe... Ou seja : motivos nada nobres numa milícia mascarada...

A carga política perdeu força com o tempo....os valores da história talvez só façam sentido para quem viveu nessa época... afogado a um terror eminiente de uma guerra nuclear... mas Snyder em sua assinatura estética a lá 300 (Limpa e focal como os suspenses de Brian de Palma) tenta esticar e acelerar o tempo para dar uma sensação nova a contemplação oferecida pelos HQ. MA s o excesso de fidelidade nos mostrou um um conteudo obsoleto com embalagem nova.
O proprio MOORE lutou para que o filme não fosse feito e que sua obra fosse conhecida como no original ( que é considerada uma das 100 mais importantes da literatura de todos os tempos).
Talvez tenha razão... mas uma coisa é certa... hoje mesmo começo a lê-lo...

domingo, 1 de março de 2009

Sob a Sombra de Murphy


O que dizer de um filme que faz a anatomia de um projeto mal sucedido? Somos em OPERAÇÂO VALQUIRIA convidado a contemplar o fracasso da missão de um grupo de figurões da SS em plena segunda guerra assassinar o Fuhrer. Brian Singer mal desconfiava que esse mórbido voyerismo é no mínimo um para-raio das Leis de Murphy (que por coincidencia era militar) . Os revezes da história acabou por encarnar no próprio filme, desde um roteiro politicamente correto demais, que pecou em minimalizar o foco no quase herói Claus Schenk von Stauffenberg, e passou uma régua bidimensional no carter e motivos dos coadjuvantes que acabou por servir de um pelotão de "escadas" para a interpretação de Cruise. Este , por sinal, obedeceu como um soldado os pedidos de Singer em segurar seus tiques exagerados e nos brindou com um de seus melhores trabalhos... uma caracterização que maestrava o tom solene do filme.
Infelizmente, pelo tema, uma e outra hora o filme merecia uma virada de roteiro, ou umas cores mais berrantes do que desfile de impecáveis uniformes e closes em cigarros militares. Tanta sobriedade acabou remetendo a um sabor de covardia... Medo comum para quem mexe com fracassos dos outros.

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