segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CONTA GOTAS HUMANO


O cinema argentino tem uma peculiaridade ácida que mesmo parindo de uma esfera latino-européia esta enraigado sobre sua proprio estilo.O tango, patrimônio cultural daquele país tem muito a ver com isso...Ele ganha aureas internacionais e tudo que acaba por existir na arte visual fabricados por hermanos mais modernos, acabam tendo traços de violência e paixão que tanto deram certo para a nobre´música.
LEONERA, apesar de estritamente urbano-moderno-universal é regionalista quando se trata de uma estrutura passional.O filme acerta em editar no estilo esconde muito mostra pouco, para desenlaçar os nós do que está acontecendo... visto que a própria personagem demora para entender do crime que cometera...
Mas Julia , a mãe que acaba tendo um filho na cadeis, possui uma história de pouca identificação na vida e a prisão se torna aos poucos um ambiente protegido para si...mas e para seu filho?
Esses dilemas que são telegrafados na metade do filme ,pediam para uma evolução da direção quanto a evolução da personagem, mas no fim a dança foram os mesmos passos do começo ao fim...e a protagonista ( na ótima atuação de Martina Gusman ) anos luz na frente.
Um filme franco...mas carregado de uma violencia insípida,tratando a propria sujeira num mundo onde os seres humanos são condenados por e para seus atos, como elemento de repulsa... como cenas tiradas de um inconsciente coletivo... e que humanidade é nos exposta a conta-gotas

domingo, 8 de novembro de 2009

ÉPOCAS QUE SE CONVERSAM


MICHAEL MANN encontrou seu caminho...seu destino e motivo para estar no cinema... e essa revelação está exposta nos últimos 3 filmes na crescente ordem de apuro técnico e decupagem.
Enquanto em Colateral ele administrava os atores,e Miami Vice o apuro técnico do video digital... a síntese está em INIMIGOS PÚBLICOS. Johnny Deep encarna o perfeito romantico-realista que Mann precisava... pois era dessa forma que ele queria editar esse filme noir, que praticamente nos transporta para os anos 30, quase que clandestinamente para os sentimentos e ações, cujas cenas dão uma textura quase documental, sem apelar para o ritmo frenético nem o excesso de tomadas limpas. Mann prova que a camera digital nos dá mais intimidade e quase que encosta no contexto do que foi uma decada violenta e romântica...No qual a sociedade era despreparada e ingênua para genios da pilantragem.
Deep tem um método no qual ele acaba apelando para referências... mas que fique apenas com ele por que com seu Dillinger ele estabelece um novo patamar para interpretação de bandidos classicos.
O roteiro nada tem de especial, mas não há necessidade: a estória tem dois picos da nossa atenção: do lado da polícia , o amadorismo e precariedade perdendo para a ousadia e a fidelidade dos gangsters... e claro o quanto isso vai se dissipando , não pela maturidade dos mocinhos mas porque a tecnologia do roubo se deslocou para os meios de comunicação e não havia mais espaço para os militantes do latrocínio...alás eram melhor que fossem descartados.
Outro pico é a maravilhosa presença de MARION COTILLARD que entre medo e consentimento se entrega para um quase sequestro consentido nos braços do bandido-pop-star.
Os momentos mais tocantes partem de silencios e olhares, no qual quase compartilhamos a admiração de Dillinger pela sua popularidade, e o quanto ele procura manter, escolhendo calmamente seus projetos para não parecer um canalha qualquer e sim um espertalhão com princípios.
Subversão adorada pelos americanos de todos os tempos onde Robin Hoods aparecem para ao menos colocar discussão na autoridade estabelecida.
Mann põem um ponto final na discussão tecnica... e de como é possível promover uma comunicação visual moderna num tema clássico, como uma conversa entre as escolas.

sábado, 7 de novembro de 2009

NERD BASTARDO


BASTARDOS INGLÓRIOS é um dilema... literalmente.. para o TARANTINO também e ele sabia disso... por isso levou muito tempo para realiza-lo por que ele próprio precisou de muita coragem e cacife para colocá-lo em pratica...a subversão que ele sugeria era a entrada de um mundo particular: as idéias conspirativas e o monstro-cultura que o cinema é para ele.
TARANTINO é um Nerd de sucesso... que conhece o mundo pelo cinema e resolveu filmar o que ele conhecia da segunda guerra pelo  que o cinema propunha , e não pela busca da verdade.Alias... a verdade aqui pouco importa: o que interessa de verdade é o que QUENTIN tinha em mente e a anos atras teria veiculado que faria um filme de guerra. Aproveitou a curiosidade mórbida de seu público e da necessidade de fixar sua assinatura em um filme de época que pré-requisita a mão de um diretor que tivesse mais que noção enciclopédica, mas técnica apurada em fotografia e figurino. E isso INGLORIOUS BASTERDS (deformação do nome para estilizar sem plagiar)tem de sobra... tanto que escuto ainda o som do couro do uniforme da SS ( que é perto do magnífico).
O que é notório talvez ( e não vejam isso como algo ruim) é que TARANTINO está envelhecendo e quer registrar tudo que passa em sua cachola, sem que os seus fãs esqueçam do porque estão vendo um filme dele. Havia tanto para falar do que se pensava que quase não havia espaço para desenvolver os próprios personagens.Então BASTERDS é uma segunda leitura dele: com a maturidade da cautela, mesmo sob todos os signos conspiratórios.
Prova disso é de que o filme centra-se de um personagem fruto da maior inteligencia HANS LANDA. Que ofusca deliberadamente (ou não) o astro BRAD PITT pelo próprio tarantino. Outra escolha equivocada mas pertinente é o do amigo ELI ROTH que é o único protagonista das maiores bárbaries do filme.(justamente por ele ser o pioneiro americano dos PORN-MOVIES, incitando que das mãos dele você vai ver mais sangue do que talento), e ainda acho que uma obra que se auto-intitula obra-prima é a banalidade da liberdade autoral.
Indiscutível que o que TARANTINO tem para dizer no filme é importante :" O CINEMA é A vingança JUDIA" e que " SEI tambem filmar com fotografia"... e que cenas memoráveis serão repetidas por Nerds militantes para a eternidade... e que a fusão WESTERN-SEGUNDA GUERRA será palco de discussões intermináveis nas aulas dos novos cineastas.
Mas Quentin pode ter cometido o erro de fazer um filme que apague ou ridicularize todos que ele mesmo fez referencia.
A heresia acaba sendo uma constatação: TARANTINO não existiria sem o CINEMA ... mas o o contrário não é exatamente uma verdade.

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