segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O BELO CINZA E MARROM (Análise:Mary e Max)


É impressionante o quanto um bocado de massinha deformada é capaz de fazer em nosso inconsciente coletivo ,e contar com honestidade a improvável (mas não impossivel) a amizade entre duas pessoas que podem estar escondidas em algum canto da nossa sociedade.

MARY e MAX é uma aula de que a humanidade em qualquer época sente-se desolada e abandonada quando percebe que a perfeição e os caminhos fáceis não estão em seu curriculo histórico. Usando dos mais obsoletos principios de comunicação virtual: cartas e maquinas de escrever, dá uma lição a todos que ignoram o passado, e o motivo pelo qual a própria internet existe : a solidão. A falta de compartilhamento. A necessidade quase fisica da amizade.

Nem a computação grafica estonteante e tridimensional da PIXAR consegue tal efeito.

Mary que cresce com a correspondencia representa todas as formas de traumas que uma criança sofre quando os pais simplesmente ignoram a sua existencia. E Max , mais velho , mas não menos abandonado, tenha sobreviver de seus proprios transtornos, e por não conseguir expressar sentimentos e emoções, lida com elas como se fossem doenças.

A todo momento ,sob lista incontavel de angustias , a "dasanimação" grotesca feita em dois mundos mais tetricos do que um dia Tim Burton poderia lembrar ( O mais perto da direção de arte que me fem a mente é Bicicletas de Belleville) o humor negro quase é esmagado pela desolação dos personagens, que acima de tudo são honestos, altruistas ,mas tão esmagados sobre as desventuras, que nenhum dos sonhos e riquezas comuns a meros mortais como nós , deixa-os satisfeito. Combinemos que não chega a ser uma aberração desumana se entupir de chocolate para aliviar as mágoas.

A bizarra sorte que a vida lhes proporcionaram lhe deram um unico presente. O valor de sentir-se amado pelo que é. Coisa que só uma verdadeira amizade, sem vinculo familiar pode proporcionar.

E como não se emocionar com o final óbvio nesse tipo de filme? O amor não é obvio? Só o aprendizado estar partindo de massinhas quase estáticas deformadas cinzas e marrons é que não é . Esta ai a beleza.

sábado, 28 de agosto de 2010

ESTÉTICA DO DESEJO (Análise: Direito de Amar)


DIREITO DE AMAR é um filme GAY...com tudo de positivo que essa palavra pode trazer: sensibilidade, estética, bom gosto, coragem... e ousadia acima de tudo...principalmente quando o diretor é um estilista de origem e se vê capaz( e isso sem duvida) de entrar no exigente jogo que o cinema propôe.
Apesar do trailer e o titulo mexicano esconder de forma injustificável, TOM FORD não esconde nada do primeiro a ultimo minuto do filme...e mostra que conhece mais do que ninguem a cultura da imagem...provavelmente dos anuncios publicitarios no qual dirigiu... e com a pressão estetica pelo qual sua vida toda permeou.
O resultado... alem de ser fotograficamente maravilhoso... é cirúrgico e eficiente...( com cores de "A Um passo da Eternidade") girando em torno de atuações apaixonadas...começando por COLIN FIRTH ..que aponto de passar pela carreira como um coadjuvante de luxo, finalmente tem um personagem pelo qual será lembrado pela história cinematográfica.
É claro que atuação de apoio inflaciona o filme: principalmente de Julianne Moore(A risada ABSURDAMENTE GOSTOSA dela tem a força de um furacão) que com EXPLENDIDA atuação ( sorte de FiRth ter poucas cenas com ela juntos) é prova definitiva que deveria ter na prateleira uns 3 oscars. E que isso só não aconteceu devido ao Oscar "gay" depositado por MILK no ano antecessor.
A mensagem mais interessante de todo o filme está no contexto... todos envolvidos(desde o autor do livro no qual é baseado o filme) estão tomando o presente como se fosse o unico tempo a disposição (É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã?)como se o futuro não existisse ou não importasse. Há muito a se aprender com competencia , sobre todo mundo.
E que o hoje , não tem espaço para preconceito: nem na sexualidade nem no cinema, o que faz de qualquer expressão uma marca da humanidade.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

TORTO POR LINHAS TORTAS (Análise: Vicio Frenético)


Imagine Nicolas Cage andando como se estivesse empalado...imagine anfíbios sob sua espreita.. imagine um espirito recem-desencarnado dançando break...filme de Linch? não ...bateu na trave: Herzog.Que consegue a façanha de misturar todos esse ingredientes de forma verossímel, sem você achar que esta tão chapado quanto o protagonista. VICIO FRENÈTICO é um remake base... a estrutura tradicional de um filme policial é deformado por um Cage torto, sob morais tortas , sob o certo em linhas tortas...Fazendo rima com seu filme anterior: O SOBREVIVENTE, Herzog quer testar os limites humanos, o primeiro sob a crueldade da natureza, e este sobre a dor e a corrupção...E a ambientalização, não deixa de ter aquela sujeira constante, imprimida pela amoralidade e a marcação de camera que mesmo aparentemente atropelada para centralizar nosso personagem tem dominio e eficiencia...
Agregue tudo isso a um contexto franco de New Orleans , que se mostra tão destruido ,num pós-Katrina quanto o proprio destino de nosso anti-heroi, num trabalho constantemente tenso lembrando o cultualizado CORAÇÂO SATÂNICO.
Enquanto Eva Mendes assiste passivamente o filme dentro dele...Herzog arranca de Cage o ator que de vez em quando ele esconde... e isso é claro desde o inicio, o que não nos enfadonha em nenhum momento... ao contrario...poucos atualizam um filme sem fugir do seu estilo nem da expectativa dos fãs de filmes policiais.
E quando tudo poderia descambar em clichê..é o próprio clichê que salva nosso herói,numa amostra absurda que o acaso tem seus truques para que tudo caia em final feliz...ou não passa de mais uma projeção de neurônios destruidos ? Ou um genial roteiro nos ensinando que só a ficção nos tira da água no pescoço...a repetição dos acontecimentos e as coincidencias exageradamente felizes, não entregam essa versão...MAs essa é a discrição que prova que cineastas com nome não precisam atirar na vala comum da midía para prestar seus créditos a favor de pagar suas dividas , e dar um nó na cabeça dos patrocinadores... É a ficção salvando todos nós da mediocridade.
O torto por linha tortas é o certo: Ainda cabe arte até na aberração ...moral ou fílmica.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

COM OU SEM SENTIDO (Análise:Um Homem Sério)


Há tantas sub camada para uma análise mais dedicada de UM HOMEM SÈRIO, filme dos irmãos Coen,que mesmo sob uma esfera superficial fica difícil ser direto.Basta começar a dizer que os dois exploram o que de melhor há neles :o roteiro do pesadelo ou a comédia humana dos erros. Apesar de contextualizar nos anos 70, o tema educação-religião-caos familiar faz parte dos fantasmas modernos americanos.
Assim como em "Onde os Fracos Não tem vez" o filme é dois em um: No plot da desconstrução conta-se o absurdo de um pai de familia que se vê perdido em sua existencia vendo a cada minuto sua vida desmoronar, de uma maneira tragicomica...enquanto seu filho se apronta para a cerimonia de iniciação judaica enquanto tenta recuperar um seu head fone e pagar seu fornecedor de "certa erva". Nda disso é claro, apesar de estar concorrendo a melhor filme do ano passado , infelizmente, tinha força para a avalanche tecnica de avatar ou o contexto atual de Guerra ao Terror.
Mas é sempre prazeroso curtir o estilo inigualável e cada vez mais ousado, as surprsas e ironias , (por vezes perfeitas e outras mediocres) conduzem a uma comédia de humor negro que te deixam nervoso e perplexo . è claro que sendo eles idolos Nerds é bem capaz de muito critico evitar falar que não gostou ou não entendeu...
Mas o cerne é esse..perplexidade perante o trivial...como um bom pesadelo... (ainda acho que a história passa por alguem que não acordou)...
MAs em uma segunda estancia a critica perante a aposta voltada a fé (sob temas judaicos) e que de certa forma vivemos sob uma aleatoriedade de venturas perante o divino remete a um Woody Aleen non sense.. mas não se engane: Pregar peças no expectador faz parte dos roteiros dos Coen, e não seria surpresa nenhuma que o excesso de elementos extravagantes é na verdade uma grande piada em torno da tentativa de ver sentido onde não há sentido nenhum.

domingo, 8 de agosto de 2010

BOMBA CALÓRICA (Análise: O Famoso Destino de Amelie Poulain)


Quando penso em parar de escrever por aqui, gratas surpresas...esse ano tenho recebido convites a comentar sobre alguns filmes...o que é complicado visto que expectativas acabam mais atrapalhando que ajudando, e quando ama-se um filme e ele é massacrado por alguem é tão ruim quanyo ao contrario. Mas longe de inserir culpas, o desafio de assistir O FABULOSO DESTINO DE AMELIE POULAIN após quase uma decada de reverencias e retaliamentos , e analisa-lo sem o ruido da época, é no mínimo um desafio.
O que é bom ressaltar que ele deixou de ser um filme francês, e muito rápido, já que ele se comporta hoje como uma obra icônica na sétima arte. O "senão" da vez é : Para que lado devemos olha-lo.
Sob o contexto de 2001 é facil entender a popularidade do filme de JEUNET. Arriscava-se o cinema-propaganda ,onde tecnicas usadas em publicidade aliada por uma metalinguistica narrativa e um roteiro fabuloso (de fábula) criavam um sentimento ingênuo e revigorante de de justiça,sentimento esse apegado ...a nada.
Cada linha explora nossos neurônios numa caça a familiaridade dos personagens enquanto a estética e a condução narrativa te distanciam dos sentimentos nobres tradicionais e te convidam a um senso de justiça, seduzem por imagens retiradas do inconsciente coletivo( como os microssegundos iniciais que telegrafam Poulain vestida de Zorro).
Nossa Poliana moderna não existe como ser humano: é nitidamente um personagem que parece ter uma psicopatia em decidir em levar o "bom" para os outros, sem o menor escrúpulo, sem nenhum instante de reflexão de se essa ação faria o "bem". Uma confusão comum para quem não tem o habito de pensar.
`E tudo o filme nos faz acreditar que é o melhor para todos...claro...como não torcer para alguem tão parecido conosco? Neurologia explica.
Portanto AMELIE é uma maquina de felicidade ,sem reflexão, ela por ela... um filme para ver e sair feliz...o entretenimento na sua pior faceta: aquela em que você COMPRA o filme.
E Jeuneut não havia inventado nada:segue com metodologia impressionante a cartilha da pulblicidade : uma receita contra rejeição. A dicotomia eterna Embalagem X Conteudo.
Perceba os dramas reais tratados como patéticos e insensíveis.
E o que mais assusta? -Eu adoro Amelie Poulain..!!!!
Tenho suas musicas no MP3, o filme em casa, e me faz muito bem passar os olhos naquele VERDE-SELEÇÂO e da figura monstruosamente encantadora de Audrey Tatou na capa como que diz: -Posso salvar você tambem, se voce quiser. Isso é assombroso!
Bomba calórica escondida atras de puro açucar?
Antes que você veja chifres saindo da testa da foto postada acima e que um de nós saia para colocar fogo em tudo que é locadora, é importante que vejamos toda essa discussão como saudavel. Essa armadilha só um bom filme, de direção,atuação e edição "fabulosos"(de excepcionais) é capaz de realizar. Por isso foi muito bom reve-lo e comenta-lo distanciado a quase uma década.
E melhor ainda ter a sensação de final feliz ao concluir que você está diante do que é tudo de mais nocivo do cinema americano escondido sob uma cobertura do que é mais delicioso de um filme francês.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ALICE IN BURTONLAND (Análise: Alice no País das Maravilhas)


Um classico de literatura adaptado para cerca de 30 filmes e milhões de edições no mundo todo devia virar religião. Alias , como diz Humberto Eco é quase masis importante que "a religião". Burton diz em suas entrevistas que viu cerca de 30 versões para chegar a ALICE do seu jeito. Mas cá pra nós, acho que só a versão Game-gótica lhe interessou, e infelizmente a mais fraca de todas.
Na dúvida de refilmr entre os dois livros de Caroll(que tem mais fábulas que o proprio livro) e fazer uma espécie de continuação ele resoveu fazer os dois, provavelmente negociado com a Disney que era dona do dinheiro.
Como todas essas idéis eram muito para o caminhãozinho criativo-narrativo de Burton, o resultado trouxe apenas uma versão mal-humorada, anti-didática e quase-constrangedorta do que foi alice.
Burton e outros diretores vivem a época de mostrar mais que cinema, e sim o fetiche autoral dos que ainda "perdem" tempo em ir ao cinema.
Não leve a mal meu diagnóstico. Visualmente até cumpre-se a expectativa (salvo o robô que ficou crispin glover e a pouca intimidade ao 3 d de Burton), mas Alice tem cargas psicológicas mais importantes do que foi apresentado.
Burton tem claramente o dominio visual ,e chega a irritar ao convocar ( mesmo que sejam grandes atores e tem uma relação simbiótica com Burton) Johnny Deep e Helena Bohan Carter... como se cinema fosse trupe de teatro. Infelizmente ele boicota seus proprios coadjuvantes colocando Anne Hathaway numa patética Rainha Branca, que mais parece imitar Jack Sparrow com roupa de debutante.
Minha filha que pouco conhece sobre Alice, teve até o prazer de ver ], sem trilha nenhuma a genial passagem em que Alice ( com 19 anos desmemoriada) tenta entrar como no livro, na porta pequena, procurando um jeito entre beber liquidos que encolhem e alimentos que crescem. Pelo menos isso é uma passagem universal, e poucas das alusões verídicas ao livro.
Mas ao invés da tematica é mostrar para Alice o mundo da maturidade como fez Carol, Burton resgatou Alice do mundo real para salvar a Wonderland de sua estupidez: Inversão pura dos valores, que se registra na cena em que a Rainha Vermelha ou Copas(não ficou claro) ela pega um flamingo para jogar criquete ( Megalomania Disney resgatando seu famoso desenho).
E mais absurdo é explicações realisticas ( tumor para deixar cabeça grande? ou Mercúrio para deixar chapeleiro louco) para explicar o mundo de Caroll.
A ompressão é que o devemos desistir do cinema em favor de outro entretenimento do gênero, antes que as crianças assistam daqui a 10 anos refilme-se Alice em cima dessa versão. o que só colocaria mais besteiras ao molho da subversão medíocre.

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