terça-feira, 29 de setembro de 2009

FÔLEGO DE ESPIÂO


Há uma certa nostalgia quando pegamos para assistir filmes de espionagem...parece que nem um seriado do tipo chega a convencer de forma romântica como os da déca de 70 para trás...Talvez por que as bugigangas dos espiões que eram algo exclusivo da profissão sejam vendidos hoje pela internet junto com vassouras e camisas de futebol.
è visivel até que nosvos diretores se sintam frustrados em não poder explorar esse filão com o mesmo charme dos classicos.
Entretanto, há vida inteligente em Hollywood, e o espertalhão Tony Gilroy, que parece ser conhecedor profundo da filosofia coorporativista das grandes empresas, resolve diminuir o drama que usou em CONDUTA DE RISCO e partir para algo mais glamouroso em DUPLICIDADE.
Tanto é um resgate de filmes escapistas, que encabeçou o elenco com JULIA ROBERTS E CLIWE OWEN cuja quimica em CLOSER explodiu nas telas,fazendo bem o estilo dos diretores de evitarem o duvidoso para ministrar seus diálogos.
MAs a dupla PAUL GIAMATTI e TOM WINKINSON nos créditos iniciais espancando-se em camera lenta como homens da caverna em seus ternos impecáveis, com seus jatinhos particulares ao fundo, é uma das cenas iniciais mais impressionates que particularmente vi no cinema.
Claro que é impossivel não se remeter a um sofisticado GUY RITCHIE e a um menos espirituoso STEVE SODERBERGH...mas o roteiro baseado em como sobreviver sob desconfiança perene entre pessoas,tem sua força principalmente mais na narrativa do que propriamente na direção.
Extremamente feliz na ironia, GILROY vem trazer um pouco de fôlego em formulas aparentemente desgastadas, e aos poucos durante a queda das máscaras tecnologicas do mundo moderno, é confortável no final termos a sensação que todos nós ainda queremos as mesmas coisas simples, de nossos antepassados...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Pedido de Entrega


Desde sempre, a interatividade com o entretenimento é uma ferramenta sedutora para corromper a nós, "voyers" da sétima arte, ao prazer de inferir no ritmo da vida de pessoas, mesmo que elas sejam personagens. A internet tem feito essa mágica com seus jogos multiplayers e controle de roteiros de novelas, em favor a audiencias populares.
MAs ainda existe um nicho, dentro dessa lama banalizadora, que entende a interatividade no cinema como um acordo não verbal entre expectador e diretor, conduzido pelo próprio misé-en-scene. ALAIN FRESNAIS, aos seus 80 anos, consegue, sem menor força, dar uma aula de como se fazer arte, pela multipla inteligencia, e nos lembrar que a interpretação é ainda o grande comunicador da força das idéias.
MEDOS PRIVADOS EM LUGARES PÚBLICOS remete o esforço do expectador a se despir dos filmes-clips e desfila os medos mais cruéis da dramaturgia... aqueles que por serem socialmente explícitos e típicos de nossa conduta moral, são doídos por que se escondem até de nós mesmos. E FRESNAIS, gentilmente, pede inteligencia e atenção para que percebamos, no angulo da câmera, nos pés do rabugento acamado, na cor da boite do dedicado barman (curiosamente semelhante ao inferno imaginado por Mojica) e na neve dos ombros de todos os sinais do desconforto da alma da vida que resolveram esses comuns personagens escolher as pressas, sem a reflexão ou educação dos sentimentos necessária.
Tudo é sobre escolhas...perdidas ou urgentes... decisivas ou melindrosas... e tomadas de atitudes que embora talvez equivocadas, fazem-nos sentir vivos, mais pela decepção do que pelo acerto...mas que no final, tanto faz: Haviamos nos entregado ao erro quando a vida nos cobrou uma atitude.
Que bom que um ser humano da década de 60 ainda tenha vigor e sabedoria de nos presentear suas fabulas urbanas, que sua intensa vida dedicada a arte de expor o comportamento humano pelas mutiplas óticas lhe sintetizou, para que nós ainda tenhamos tempo de refletir antes de alcançar o braço para agarrar o primeiro sonho na estante do supermercado, e sem olhar ao menos o preço.

sábado, 12 de setembro de 2009

O PADRE JEDI


Vendo ANJOS E DEMONIOS de RON HOWARD chego a uma conclusão sobre os livros adaptados de DAN BROWN para o cinema... o problema está no próprio Dan Brown... Ron conseguiu o máximo que o filme poderia dar: uma aventura cheia de clímax inoportunos.
Se CÒDIGO DA VINCI é uma besteira sem tamanho... ao menos nesse, há a diversão cultural de se passar pelos belíssimos cenários do Vaticano, cumprindo o papel turístico que o livro sugere, traz a diversão medíocre de um filme que corre atrás do tempo de uma bomba de anti-matéria.
A história dos Iluminatti tem um apelo menor a polêmica, mas cinematográficamente tem mais elementos o que permitiu a toda equipe de Howard a trabalhar com mais alegria e por isso o filme se torna melhor.
HOWARD é um cara de pau sim, pois quer atingir o maior público possível, descaradamente , mesmo que sua reputação tenha momentos de amor e ódio, nisso a metáfora ANJOS e DEMONIOS é perfeita para o cara que de certa forma convenceu em FROST/NIXON.
Mas o maior cara de pau é DAN BROWN, que coloca a ficção na sua mais pobre vertente: a baseada em pseudo-fatos-reais que confundem historicamente os leigos curiosos e preguiçosos, inspirando estúpidos a transformar seu próximo livroem best-seller ao invés de pesquisar.
Se há algo de bom para se tirar ( e não é o padre-jedi vivido por Ewan Mcgregor) é a discussão que o filme trás para os completos alheios perante a histórica retaliação na qual igreja e ciencia travam ao longo dos séculos.
No mais , trata-se apenas de mais uma trama escapista, envernizada por temas que sempre inspiram os amantes por conspirações.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

NO TEMPO DOS SONHOS


PIXAR em 3 D... o que pode se esperar da mais bem suscedida franquia de animações em mais um filme e agora sob a tecnologia 3 D, muito...Principalmente do diretor PETE DOCTER que tem no currículo MONSTROS S/A que está na minha lista entre as maiores comédias de todos os tempos. Porém sob a vigilância da Disney, UP- ALTAS AVENTURAS tem um certo dedo de cautela, e que não basta mais visuais impressionantes em animação em 3 D...É preciso ir ao limite dos sentidos... Calculo quantas reuniões foram necessárias para convencer os cartolas em apostar em um protagonista de 70 anos.
Mas a sensibilidade de DOCTER, e inventividade do roteiro de Bob Petersen criam personagens cativantes e discutem sobre nossos padrões de heroísmo.Contando em minutos a vida do rabugento CARL( Claramente inspirado em Walter MAccal), quase é possível ouvir um coro de lágrimas aos 10 minutos de película, como se capta-se a vida média de cada adulto na sala de cinema. E depois disso, aquele improvável herói se permite uma aventura, sendo o símbolo máximo de nossos sonhos adiados por prioridades que nossa vida acabam por nos iludir.
Um recado que é mais que urgente para todas as gerações, já que o mundo se enche cada vez mais de senhores e senhoras, que tamabem lotam as salas de cinema a procura de alguem que repare que sua jventude ainda está latente.
Particularmente, a animação O CASTELO ANIMADO, de Hayao Miyazaki, é bem mais contundente na questão, mas DOCTER não quer falar da velhice e sim do tempo dos sonhos.
A "decepção" fica pela tecnologia 3 D ( e na dublagem pobre do Chico Anysio)que não é explorada em sua plenitude, o que talvez tenha sido plano de ultima hora...por que visivelmente o desenho não abusa dos recursos.
Com lugar certo no Oscar , Pete pode ganhar seu Oscar que havia perdido com o querido MONSTROS SA, e a PIXAR ainda mostra que´é a mais visonária de todas as produtoras hoje no mercado cinematográfico... em todos os sentidos... em todas as dimensões...mais pela capacidade de convencer de que não existe o impossível , só o improvável, e é no improvável que ela aposta..sempre...

sábado, 5 de setembro de 2009

PONTO DE PARTIDA


O Oscar de Filme estrangeiro teve sua primeira premiação como categoria em 1957 e desde lá a ITALIA é recordista absoluta de premios, com 13...O Japão teve seus momentos com Kurosawa e abocanhou 4.O último deles em 2009, com A PARTIDA de Yojiro Takita, o que me fez ficar curioso, já que o filme desbancou favoritos israelenses e franceses(Valsa com Bashir e Entre os Muros da Escola)
Cada vez é mais fácil fazer uma leitura de qual as idéias que se meandram no mundo do entretenimento, a partir das escolhas nas premiações. Num ano onde a carga melodramática misturada a uma curiosa quebra de barreiras mundiais, indica os efeitos da aproximação das pessoas on-line.
O cinema ao permitir e oferecer a cultura e o ponto de vista de outras culturas, num primeiro momento como um circo, no outro como reafirmação de sua propria cultura, vai se construindo sob uma base histórica a nova necessidade do homo-sapiens: a de se enxergar no outro.

A morte como tema universal é na verdade o ponto de A PARTIDA ( ou o ponto de partida) escolhido para TAKITA levar os valores do Japão, que ja são mais ocidentais do que a era Kurosawa... o que permitiu o acesso a alma Yanke, e de certa forma as pessoas não enxergarem ETs de olhos puxados quando iam ao cinema.
TAKITA apela, é verdade...detalhes são desnecessários , mas infundentes para reiterar essa semelhança humana.A música que em tantas obras é colocadas em pedestais, curiosamente ela é vista apenas como ferramenta de união...não mais superior do que qualquer arte, até a de conduzir os mortos para o seu ritual de passagem.
E se utiliza do humor negro (muitas vezes deliciosamente inesperado, como na cena inicial) para atingir o melodrama necessário e conduzir sua mensagem de inclusão sem desrespeitar a cultura de uma nação.
Não é uma obra decisiva ou divisora de águas, mas remete bem a atual condição de necessidade do que se quer ler.E atingir esse ponto é atingir o reconhecimento.
As pessoas querem se ver, numa expressão de dentro para fora, e não com os olhos da realidade documental.
Perceber a si mesmo no outro é a mais nobre consequencia da sétima arte.

https://www.paypal.com/br/cgi-bin/webscr?SESSION=w8CUwMwYB1IIOH%2dO6WgiIXPNEe%2dnyusZYrbcNceqMe6NLlfTWyVLkhnkhUu&dispatch=5885d80a13c0db...