segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Sexo frágil e Bisturis ( Análise de Garota Exemplar de David Fincher)



    Muitos torcerão o nariz... mas Gone Girl é não só o melhor filme do David Fincher como um dos melhores da década. Há tanto a se falar sobre ele que vou me restringir a pontos. Aliás, esse é o triunfo do filme: restringir para tornar elásticas as interpretações que vem aos poucos depois que o créditos sobem.
     O filme começou a fazer-me mexer na cadeira ( e isso é um ótimo sinal) quando começamos a ver os créditos iniciais que passam numa velocidade de telefilme, como se o diretor tivesse pressa pra contar a história, que daria tranquilamente conteúdo para um seriado de 3 temporadas, mas o projeto de 2 horas e meia tinha que ser cirúrgico. A primeira cena e a última cena são iguais, mas ele consegue fazer-nos, no tempo do filme, ver duas cenas diferentes.
       O roteiro tratou desenvolvimento de cada personagem com diálogos absolutamente precisos, que saiam da boca da propria , e logo era reforçada pelo dialogo seguinte.E se isso ja não bastasse, as frases soltas tridimensionalizavam o caráter cultural do microcosmos ali presente, criando um sinismo e uma ironia que não vejo desde o "clube da luta", talvez o seu filme mais cult.
  Enquanto "Fight Club" criticava em cores o tipo de sociedade machista competitiva que estávamos inseridos, "Garota Exemplar" conta o que aconteceu com esse macho de 20 anos atrás: foi reduzido a um moleque castrado pelo fio de sexualidade que o torma util ainda hoje.
Mas o esposo por tentar se encontrar num típico exemplar de macho alfa moderno demora pra perceber que está sendo posto em extinção. Não satisfaz a expectativa de  sua esposa que tem a aura exemplar da mulher americana perfeita , e renuncia suas "responsabilidades" que a sociedade feminina lhe cobra e vai puni-lo de forma cruel.
Mesmo focado na força da protagonista ( interpretada brilhantemente por Rosamund Pike) todas as mulheres do filme tem a postura do domínio e controle sobre os coadjuvantes homens. "Estou cansado de ser humilhado pelas mulheres" confessa o personagem de um competente nulo Ben Afleck, fazendo papel pamonha que tem sido cada vez melhor ao diretor Afleck do que ao Ator Afleck. Até a mãe que é só citada em um diálogo tem domínio no casal de gêmeos.
 É leviano achar que o filme é  misógeno como Anticristo do Trier. Flerta mais com a novela do McCarthy "A Estrada" , de uma forma avessa. Ele chama atenção não ao passado ou ao futuro, como nesses filmes, mas sim ao presente. Pós recessão : a mulher está muito mais organizada emocionalmente pra enferentar as perdas, por que os valores naturais delas não passam pelos economicos, e sim, segundo o livro adaptado, pelo sexo e pela prole. É um momento de adaptação (da natureza dos comportamentos), onde monstros (ou monstras) guardados no armário aparecem. Como a cultura do "parecer verdade" , forjar sentimentos e fatos é mais primoroso que a verdade em si, é a maior arma que o ser humano tem, e esse talento o feminino supera anos-luz do masculino.
   Mesmo se repetindo em um filme de crime e suspense, Fincher universaliza, muda foco e mostra que é capaz de ser um ótimo contador de história sem precisar desesperadamente anunciar sua presença como Tarantino e Wes Anderson. Mas ele está lá, com seu bisturi bem afiado.
 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Stay, Nolan! (Analise de Interestellar de Christopher Nolan)



Ah como gostaria de tecer elogios para o Nolan e seu irmão genial que vive a sua sombra vendo Interestelar. Juro que quis. Mas vai ficar pra próxima, por que tenho intimidade demais com filmes de ficção cientifica pra destinguir um classico moderno de uma produção que fica só na tentativa de ser eternizada no gênero.
Não é maldade não...entendam.. é apenas uma constatação de que os irmãos Nolan batem cabeça quando trabalham juntos. O diretor da dupla completamente didático e pragmático, e o verdadeiro artista sendo coibido na decupagem do testa de ferro da parceria.
Acredito o quanto é dificil fazer uma produção com o status do Cavaleiro das trevas. Mas Interestelar bem que merecia um toque de independencia do tempo de Amnésia e Insonia.
Vamos por parte que é mais eficiente. A primeira terça parte do longa que debate sobre ecologia + filosofia galáctica, começa muito bem com os pés na Terra, colocando a radicalidade educacional como o cancer de uma humanidade sem esperança. Logo quando o descarismático Macnauguer vai pro espaço, o filme não se encontra entre uma obra autentica e uma homenagem a 2001 de Kubrick, e na parte final, a necessidade de fechar a trama num contexto redenção familiar faz o mistério retificar a descrença na fé humana e o amor uma dimensionalidade piegas.
Mesmo assim o cinemão dos Nolan fazem vc pregar o olho em quase 3 horas e perceber que consegue conversar com a juventude que gosta do recheio e não da massa da pizza entregue.E isso já faz valer os milhoes investidos e as lágrimas arrancadas depois de tanta caça a um ponto afetivo verossimel.
Ainda sim se pudesse voltar ao tempo, eu diria pra que Nolan, ao final do seu grande gol chamado " O Grande Truque": Stay No
lan, Stay!

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O medo do nosso outro (análise de Coherence)


Tempos em tempos , há assuntos decorrentes na ficção. Tanto na literatura quanto na sétima arte. Conta-se que Pinóquio foi o avô dos filmes sobre robô. Que Frankenstein coloca a ciencia definitivamente no plausível cinematográfico e assim, a cada conceito filosófico , personalizado por um mito o cinema (ou a arte humana ) se renovam. Sob esse ponto de vista tudo parecia uma espiral frctal de conceitos ao encontro do infinito.

Mas percebo que o espectador parou no tempo atordoado sob outras formas de entretenimento. O de compartilhamento inóquo. Algo parecido com o que a TV fez com o Livro , as interrelaçoes sociais estão fazendo com o cinema.E assim sucedesse um tema que anda corrente nessa rede. A de que nossa vida seja uma rede de nós mesmo . Mundos paralelos habitados por um outro de nós.
Cito aqui uns filmes que abordam isso de maneira especifica que seri "Redescobrindo a Felicidade" , ou " Contra o Tempo" o ótimo "Segunda Terra" e o interessante COHERENCE roteirizado e dirigido por James Wark Byirkit , o mesmo roteirista de Rango , aminação acima da média dublada por Johnny Deep.
 Num quebra cabeça de ficcção científica inserimos num discurso de possibilidades de estarmos num lugar onde muitos de nós possam se encontrar... e como não confiamos na nossa sanidade, temos que nos proteger de possíveis demências e idéias incoerentes que venhamos a imaginar.
O medo de nosso outro ,esse sim vai espiralando e nos fazendo cometer atrocidades por conta da perda de individualidade que a aventura proporciona. Assim depois de curtir a loucura que o filme vai te levando, por um ritmo de hand-cam , e despreocupada continuidade ( ja que voce vai se perdendo em tantos alter-egos), que fica difícil de não olhar no espelho depois e sentir-se seguro de que o teu lado negro continua virtual.
A fábula pode sim ser participar com os outros , um filme que reforça a teoria dos paralelos universos. Não nos convence, apenas nos deixa face a face com nossa insustentável noção de si mesmo.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Dose Dupla (Análise de O Homem Duplicado)



Dois corpos não ocupam o mesmo espaços. Essa é a lei mais velha que estudar verbo To Be. é quase um mantra das aulas de ciências. Agora partir da idéia de um mesmo corpo ocupar dois espaços, o cinema tem tido tentado personificar com alguns filmes. Tanto que ja deveria ter um subgenero do drama chamados filmes de "duplo" . O Homem Duplicado, filme adaptado do incrivel livro do Saramago, vem trazer o desafio do escrito portugues, sob a tutela de um diretor que vem impressionando desde Incendios e Prisioners ( titulo Os suspeitos não dá né...tem outro filme com esse nome :( ).  Com uma performance madura do jake gyllenhaal, o filme ganha em tensão e ao mesmo tempo nos vazios propositais quase conseguimos escutar a narração do escritor.
 Mas o que mais impressiona mesmo é a temática.. Vivemos sob a ótica unica , da invidualidade plena e gritante. Observando os animais, como os peixes em cardumes , é impossivel não fazer a distinção da originalidade de cada ser humano. Imagine que de repente, vc descobre que sim, você é um peixe de um cardume, e que não só existe um outro você, mas esse outro é você. Nada de mundos paralelos e sim vidas paralelas num mesmo universo. Você vive sim , outra vida e ai descobre que há um outro de você , Você é você , e o outro você.
Não é um conceito novo, mas é uma idéia de dificil abstração por conta da física dos fatos. Algo parecido só havia visto em Watchman.
Outra ótica associada ao livro é a relação dos personagens , que discutem a necessidade da História humana se fundir a Ficção da imaginação.
Por tudo isso, o filme não só é um suspense que entretem mas um belo registro de um livro que fica nos anais da estrutura intelectual humana.

sábado, 28 de junho de 2014

Nosso Nu Frontal ( Análise de Sob a Pele )


Estava meio desanimado em comentar sobre os filmes que eu tenho visto...entretanto vem surgindo uma safra semi-independente ( leia-se new- undergrounds) que apostam num enorme público, menos consumidor , porém mais apaixonado e interessante.
   Há uma parte do cinema que a fotografia é mais sagrada. Alguns diretores inteligentemente adaptam livro sob uma ótica imagética ,descartam o narrador e tratam assim a obra fílmica com um trabalho original inspirado e livre para interpretações. Tal impressão eu tive quando assisti Sob a Pele, que pipocou na internet com a promessa de ver o nu frontal de Scarlet Yohanssem.
Tal nu, para positiva surpresa, é da humanidade. E algumas pretensas situações faz desse projeto de Johnathan Glazer ( que amargou o hiato do corajoso Reencarnação, apesar de ter estreiado muito bem com Sexy Beast) traz uma ótica interessante, que surge lentamente (como o filme) em nossas emoções.
     Os críticos comparacionistas falam da trilha sonora a la Kubrick e da decupagem Antonioniana. Mas me atrevo a dizer, que se tais referencias existiram, elas funcionam quase que como uma combinação original e não uma referencia. A escolha do ponto emotivo ( quase nenhum ) , apenas cirurgicamente pontuado pede pra você observar seus aplicativos psicológicos frente ao fenômeno de ser humano.
      Tudo poderia cair pra pieguice, mas a direção firme e obediente a um conceito menos funcional e mais calcado na ausencia, faz-nos respeitar o filme pela coragem.
      A parte mais impressionante é o duelo sensorial que travamos conosco ao ver um ator ( Adam Person, que tem uma deformidade verdadeira e rara no rosto) escolhido para que contraponha com a beleza não maquiada de Scarlet Yohanssen , o diálogo mais verdadeiro do cinema dos ultimos tempos sobre a força da aparência e tudo que entendemos.
A partir dali, inumeras escolhas do protagonista o levam a uma viagem sem volta, dando a sensação de que estamos muito bem com nossos aplicativos culturais geneticamente adquiridos.
     Nada como o silêncio da imagem , para escutar e exorcizar nossos ruídos. Em nu frontal.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Fantasias Sexuais e Disney ( Analise sobre Escape From Tomorrow)


Saudoso Glauber Rocha , de todas as estupendas falas que ele metralhava em suas entrevistas, a mais conhecida é : basta uma idéia na cabeça e uma câmera na mão. Acho que nem ele se levava tão a sério assim como Randy Moore e seu Escape from Tomorrow ( que sob uma tradução seria "Fuga do amanhã").
Estou completamente convencido que uma idéia boa na cabeça errada é capaz de provocar um buraco no bom senso. Explico: O filme é um recorte de cenas feitas na Disney World sem autorização, e com elas e algumas edições pós produção, foram construidos um roteiro.
Essa "desobediencia civil" provocou um estardalhaço em Sundance, com um possivel boato de ação judicial por parte da Disney de proibir a veiculação da travessura. Até poderia acontecer se o filme fosse bom, mas como disse, não passa de uma boa idéia na mão de um moleque.
Boa idéia está na personagem que, na pele de  um pai de família desempregado, passa no surrealismo de externar a criança que existe na hipocrisia adulta, e passamos a ver o filme com seus olhos fetichosos, nas mistura de fantasias sexuais com ninfetas francesas e princesas do parque e do terror produzido pelos bonecos que remetem a violencia travestida em conto de fadas, fora o potencial horror de que as lendas urbanas que rondam o parque podem superlativar justamente no que talvez seja a ultima vez que ele pise os pés no "legítimo mundo encantado do capitalismo"
O moleque acaba sendo um diretor que busca  uma estética de decupação com referencias a Lynch mas com a edição tosca um uma camera-guerrilha e atores explorados a uma atuação sofrível.
Todo o projeto tem mais pretensão do que capacidade de tornar viva a excelente retorica da decadencia humana perante a construção por anos de um universo subliminar de fracassos e animosidade, e a tese psicológica que poderia render um grande filme, fica tão sha-la-lá e esquisito quanto um passeio de barco pra ver cogumelos de isopor.
Bizarrice por bizarrice, fico com a Disney e toda sua megalomania

domingo, 27 de abril de 2014

Orgasmos Múltiplos e Perenes (Análise sobre Ninfomaníaca 1 e 2)




Não é de hoje que o sexo é estudado ,livres das amarras morais, cientificamente...mas ainda é um oceano psíquico. Quando um cineasta deseja colocar seus pensamentos sobre o sexo, num filme de extremos (Ninphomaniaca 1 e 2 de Lars Von Trier), é claro que todas as expectativas naturais de polemica  ja levaria uma multidão de Voyers (o Cinema é a permissão do fetiche). Mas como é muito obvio, vindo de quem trabalha o cinema do desconforto, o que invade são muito sentimentos esquisitos ao sair dos dois filmes.
Alguns dirão que não é Pornografia...mas é. A mais pura. Tão crua quanto o pecado original. Só que sem gozo, sem se quer sexo mesmo e sim corpos se mexendo desesperadamente pra ocupar vazios existenciais, e um poço sem fundo de desejos.
Gozar a qualquer preço, a busca do gozo utópico,o prazer extendido ao infinito.Toda essa euforia da sociedade moderna é mostrada didaticamente sobre uma metáfora que só incomoda pela supervalorização natural de nossa própria genitália.
A forma utilizada é quase um divâ, onde  procuramos intensamente em nos identificar em algum lugar entre a doente por sexo ou o assexuado, que soltam informações estaticas impressionantes e fábulas sexuais, contadas com um distanciamento de microscópio.
Ao estilo de mil e uma noites ,você torce pra que a próxima historia resulte num desfecho da anterior. Mas não... cada passo e experiencia sexual contada na vida de Joe, é tentar fechar um buraco com um outro maior.
A poesia é notória durante todo processo, em muitas situações comovente e a tentativa de retratar profunda naturalidade dos acontecimentos chega a incomodar.
E como é do feitio do Trier,ele coloca seus personagens num limite temático,estabelecendo um outro lugar pra moral, trazendo a redenção de seu herói as avessas. Fazendo o expectador cair no próprio paradoxo de suas convicções mais profundas. (não será apenas uma vez que você verá algo de censura 20 anos, que se mergulhado nos motivos, achará a atitude viável e lógica)
Ame ou odeie Trier, ele faz o cinema ser interessante desde a concepção dos cartazes ( prologo essencial pra obra) e urgentemente moderno nas concepções de suas, e tão suas ideias, que acabam montando aos poucos um mapa moral através do cinema.
A cada encontro com essa verdade, um orgasmo...múltiplo e perene.  Quem não vê isso é que precisa rever seus buracos.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Mil Trapaças (Análise de Trapaça)



Do que trata-se TRAPAÇA afinal? É um filme de gênero? é um filme de crime? de golpe? Seria ironia que é tudo isso e ao mesmo tempo nada mais do que um filme que finge ser bem intencionado? To exagerando? não quem exagerou dessa vez foi O Russel, que trouxe um caminhão de bons atores, com boa atuação, boa fotografia, mas com uma montagem descabida e tão perdida que restou ao pobre diretor parodiar Scorcese pra se manter nos eixos. Ele tentou dirigir cada cena como se fosse a última da carreira, o que supervalorizou os atores. Salvo Christian BAle que rapidinho entendeu a armadilha e se vestiu dignamente de uma personagem que queria fugir de tudo que estava vestindo. Foi guiando o tom dos outros atores quando contracenava, levantando a voz de forma elegante e movimentado-se com toda certeza do que se passava ao seu redor. O problema é que quando os outros estavam a mercê de seu momento-sem-Bale, a certeza parecia desmoronada. Aparentemente chupada de Donnie Darko, muita cena de camera lenta com trilha sonora delatando epoca, mas completamente fora de contexto, mesmo sendo excelente.
Alias tudo no filme é excelente demais. O que faz parecer grotesco e até pedante. E pior é que é divertido sim,
 No fim é impossivel não ter a sensação depois de 2 horas de falcatrua e gosto amargo de que estavamos diante de uma orquestra de musicos excelentes fingindo ser canastrôes. Culpa do maestro.

ZOO DA TERCEIRA IDADE ( Análise de NEBRASKA )


Quem for ver NEBRASKA se identificará rapidamente com muitas coisas. Principalmente com o cotidiano do ser humano depois dos 70 anos. Criticas usam o eufemismo de "Retrato de um país que se direciona para a maturidade" o que significa : "Zoo da terceira idade" . Parece simplista mas é fato. O ser humano ocidental parece que luta a vida inteira pra ficar um velho feliz. E mal percebe que ele já é um velho feliz com menos rugas. Mas é preciso a desobediência social para perceber no final das contas que o sonho ainda é pilha do espírito. Alexander Payne já mostrou que veio pra contar histórias que aproximam a gente da nossa vizinhança , passa por nossa casa, mas não entre. Somos o autentico vouyeer segundo o professor Payne. É um convite a olhar pra janela e ver que a vida est´pa lá, invisível e desesperada por um acontecimento que a tire do tédio proporcionado por anos de história civil. O filme já declara-se um álbum de retratos quando a sua perfeita fotografia preto e branco destila nostalgia. As transições e a trilha cirúrgica que só acontece em passagens, flerta com as clássicas decupagens. Entretanto é o cinismo que é o grande triunfo do filme ( apesar de personagens magnéticos , como a feita pela indicada Jane Squidd quase uma Dercy Gonçalves Yanque) que ao chocar gerações e intenções mostra que grande parte americana ( e por que não do mundo) é feita de velhos com seus conceitos apegados ao resto de memória e rancores. Uma melo-comédia de insana ironia. Deliciosas verdades que estão mais pra janelas do que telas que parecem nos anteceder nossos próprios destinos e a possíveis aventuras que estaremos apegados no futuro.

segunda-feira, 3 de março de 2014

RESSACA DO OSCAR



Oscar beeem previsivel, que só deu a devida emoção mesmo se academia ia ou não premiar ELA, um filme que indiscutilmente conversa com a atualidade..que bom ele ganhou roteiro, o que permite a existencia cultural de filmes nesse estilo com o apoio economico...

vai ai os pontos conquistados pelos amigos que participaram do bolão :

Obrigado (desculpa a goleada) e até ano q vem :)

Luciano Justi - 20 pts
Pauluk          - 24 pts
Peterson       - 30 pts
Disconzi       - 30 pts
Brida             - 31 pts
Bruno Kohl-        - 36 pts

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

APOSTAS OSCAR 2014


Saudações paladinos incansáveis da sétima arte!!!!!

Oscar chegando ( premiação dia 2 de março ) e o tradicional Bolão do Retina Viva , de volta para ver quem paga o mico dessa vez. Ano passado recorde de apostas, e esperamos mais corajosos apostadores para essa que promete ser uma disputa acirrada.
Por conta disso inventei ( sim eu, por que eu que mando mesmo) uma novidade nas apostas, O VOTO TORCIDA.
Todos os participantes tem direito a apostar um ganhador em cada categoria , que contará 2 pontos caso acerte, e cada participante terá direito a escolher 3 categorias para colocar um VOTO TORCIDA ( que contará 1 ponto caso acerte), que serve para aqueles casos em que a gente aposta num mas torce para o outro
Cada participante terá direito então de votar em 2 filmes ( aposta e torcida) apenas em 3 categorias aleatórias.

As apostas serão aceitas até dia 02 de março de 2014,  22 h, horario de Porto Belo ( que é onde eu moro)

USE a área de comentários para fazer seus chutes!

Para entender :  lá vão os candidatos e MINHAS APOSTAS:


FILME
“Trapaça”
“12 Anos de Escravidão”
“Gravidade”
"Capitão Phillips"
“O Lobo de Wall Street”
“Philomena”
“Nebraska”
“Ela”
“Clube de Compras Dallas”

APOSTA : GRAVIDADE   comentário: Arriscaaaado,  mas não resisti , 12 anos de escravidão e Trapação levaram o globo de Ouro, mas é por conta da implicancia para com a Bulllock, e o roteiro não ter o peso (trocadilho) que merecia... mas a academia ja tem mais afinidade com a moça, e 12 anos é um filme que tem horas que pega bem mais pesado, e Trapaça apesar de divertido, cheira mesmo algo de desonesto...( outro trocadilho infame, sorry)

ATOR
Matthew McConaughey, “Clube de Compras Dallas”
Chiwetel Ejiofor, “12 Anos de Escravidão”
Bruce Dern, “Nebraska”
Christian Bale, “Trapaça”
Leonardo DiCaprio, “O Lobo de Wall Street”

APOSTA : Matthew McConaughey  TORCIDA : Leonardo DiCaprio Comentário: Eu sempre torço pro DiCaprio, mas o cara teve azar mais uma vez de pegar um cara inspiradissimo em atuação, entretanto até chegar no Oscar a coisa pode virar porque a atuação é bem mais carismática do que a Mc Comauguey que é surpreendente por conta do sacrifício de ter emagrecido tanto. será decidido nos 44 do 2 tempo.

ATRIZ
Cate Blanchett, “Blue Jasmine”
Sandra Bullock, “Gravidade”
Judi Dench, “Philomena”
Meryl Streep, “Álbum de Família”
Amy Adams, “Trapaça”

APOSTA: Cate Blanchett  comentário : Leia meu artigo sobre o filme Blue Jasmine e entenderá :)

ATOR COADJUVANTE
Jared Leto, “Clube de Compras Dallas”
Barkhad Abdi, “Capitão Phillips”
Michael Fassbender, “12 Anos de Escravidão”
Bradley Cooper, “Trapaça”
Jonah Hill, “O Lobo de Wall Street”

APOSTA: Jared Leto comentário : O cara surpreende sem perder nada com o protagonista Mc Counaughey inclusive inflaciona o filme com a atuação .

ATRIZ COADJUVANTE
Lupita Nyong'o, “12 Anos de Escravidão”
Jennifer Lawrence, “Trapaça”
June Squibb, “Nebraska”
Julia Roberts, “Álbum de Família”
Sally Hawkins, “Blue Jasmine”

APOSTA: Lupita Nyong'o  comentário : Você chora junto com ela no filme... 2 cenas de arrebentar o coração se não levar é porque a Lawrence é queridinha da hora.

DIRETOR
David O. Russell, “Trapaça”
Alfonso Cuaron, “Gravidade”
Steve McQueen, “12 Anos de Escravidão”
Martin Scorsese, “O Lobo de Wall Street”
Alexander Payne, “Nebraska”

APOSTA: Alfonso Cuaron  comentário:  Um dos poucos diretores autorais que usa da câmera um narrador, e em GRAVIDADE surpreendeu com seu domínio , até mesmo os tubarões consagrados de filme de ficção científica.

ROTEIRO ORIGINAL
Spike Jonze, “Ela”
Eric Singer, David O. Russell, “Trapaça”
Bob Nelson, “Nebraska”
Woody Allen, “Blue Jasmine”
Craig Borten, “Clube de Compras Dallas”

APOSTA: Spike Jonze, “Ela”  comentário: Uma verdadeira aula sobre a fragilidade humana e de todas suas infinitas psiquês, simples e original... nem o velho Woddy é capaz de tirar a estatueta do Jonze , apaixonado em mostrar a alma humana na telona.

ROTEIRO ADAPTADO
John Ridley, “12 Anos de Escravidão”
Terrence Winter, “O Lobo de Wall Street”
Steve Coogan, “Philomena”
Billy Ray, “Capitão Phillips”
Julie Delpy, Ethan Hawke, Richard Linklater, “Antes da Meia-Noite”

APOSTA: “12 Anos de Escravidão” TORCIDA : “Antes da Meia-Noite” comentário: : Gastando meu voto torcida, mas é impossivel não torcer pra final da trilogia do Linklater

FILME ESTRANGEIRO
“A Grande Beleza” (Itália)
“Alabama Monroe” (Bélgica)
“L’Image Manquante” (Camboja)
“A Caça” (Dinamarca)
“Omar” (Palestina)

APOSTA: “A Grande Beleza” (Itália)

ANIMAÇÃO
“Frozen – Uma Aventura Congelante”
“Vidas ao Vento”
"Ernest and Celestine"
“Meu Malvado Favorito 2”
“Os Croods”

APOSTA: “Frozen – Uma Aventura Congelante” TORCIDA : “Vidas ao Vento” comentário: : Sempre torcerei para Hayao Miyazaki na sua terceira indicação... samurai 8 dan

DOCUMENTÁRIO
“O Ato de Matar”
“A Um Passo do Estrelato”
“Cutie and the Boxer”
“Guerras Sujas”
“The Square ”

APOSTA: “O Ato de Matar”  comentário: Mirei e atirei..rsrs

FOTOGRAFIA
"Gravidade”
“Inside Llewyn Davis”
“Os Suspeitos”
"Nebraska”
“O Grande Mestre”

APOSTA: "Gravidade”  comentário : os do Coen é uma pintura , mas não chega
EDIÇÃO
“Gravidade”
“Trapaça”
“Clube de Compras Dallas”
“12 Anos de Escravidão”
"Capitão Phillips”

APOSTA: "Gravidade”

DIREÇÃO DE ARTE
“Trapaça”
“Gravidade”
“12 Anos de Escravidão”
“O Grande Gatsby”
“Ela”

APOSTA: “O Grande Gatsby”

FIGURINO
“Trapaça”
“O Grande Mestre”
“O Grande Gatsby”
“The Invisible Woman”
“12 Anos de Escravidão”

APOSTA: “O Grande Gatsby”

MAQUIAGEM
“Clube de Compras Dallas”
“Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha”
“O Cavaleiro Solitário”

APOSTA: “Clube de Compras Dallas"

MIXAGEM DE SOM
“Gravidade”
“O Grande Herói”
“Inside Llewyn Davis”
“O Hobbit: A Desolação de Smaug”
“Capitão Phillips”

APOSTA: "Gravidade”

EDIÇÃO DE SOM
“Até o Fim”
“Gravidade”
“Capitão Phillips”
“O Hobbit: A Desolação de Smaug”
“O Grande Herói”

APOSTA: “Até o Fim”

EFEITOS VISUAIS
“Gravidade”
“O Hobbit: A Desolação de Smaug”
“Homem de Ferro 3”
“O Cavaleiro Solitário”
“Além da Escuridão: Star Trek”

APOSTA: "Gravidade”  comentário : Barbada

TRILHA SONORA
“A Menina que Roubava Livros”
“Gravidade”
“Ela”
“Philomena”
“Walt nos Bastidores de Mary Poppins”

APOSTA: "Gravidade”

CANÇÃO ORIGINAL
“Alone Yet Not Alone” – Bruce Broghton (“Alone Yet Not Alone”)
““Let it Go” – Kirsten Anderson-Lopes (“Frozen: Uma Aventura Congelante” )
“The Moon Song” – Karen O. (“Ela”)
“Ordinary Love” – U2 (“Mandela”)



APOSTA : “Let it Go”  

Agora é com vocês !!!




terça-feira, 28 de janeiro de 2014

CARA e COROA (Análise de LA GRANDE BELEZZA de PAolo Sorrentino


Antes de ler a resenha abaixo pegue uma moeda e tire cara ou coroa , leia a que der e não leia a outra .

COROA

   Há tempos o cinema italiano não nos dá uma obra com a magnitude de Felini e Antonioni. A própria Italia sabe disso e sempre se sentiu refém dessa marca. Roberto Benigni conseguiu um certo estrelato com o bom A Vida é Bela, que no fundo é a Lista de Schindler filmado por Charles Chaplin, não vejo nada de italiano nisso. Não posso deixar de mencionar Cinema Paradiso que trouxe uma sensibilidade absurda desde que pudesse ser falado sobre o cinema em si, por que as produções posteriores do Tornatore nunca receberam o mesmo status.
Finalmente um tal de Paolo Sorrentino chutou o gato morto. Se é nostalgia italiana que o mundo quer então vai lá. Com isso saiu A GRANDE BELEZA,  título e filme que poderia muito bem estar no repertório de Felini, com um pequeno detalhe: Felini não está ali.
Entretanto o mundo que compete o tempo todo com a nostalgia com até certo ar de necrofilia, aprovou o cover, como alguém que tivesse acertado uma receita de bolo da sua vó, e o filme tá levando prêmios aos rodos.
Tais homenagens poderiam mostrar uma forma de respeito aos grandes artistas da sétima arte, mas sinceramente vejo com certa preocupação. A impressão é que a sétima arte tem sido tratada nos bancos das academias cinematográficas como somente uma curadoria do passado, como formas simplesmente de ser avalizada por fantasmas. Será que nada genialmente novo pode ocupar o espaço do presente? Ou simplesmente o que nos resta é uma revisitação-colagem de tudo que já existe?
 Por tudo isso, o filme torna-se incrivelmente magnético e divertido...não é incrível?
Feito um prato italiano delicioso ,exótico e temperado de forma que se espera é que o anfitrião de tal ceia possa oferecer mais um prato, dessa vez sem vergonha de se lambuzar.

CARA

   Onírico e plastico , é muito bom ver como ainda os Italianos se revisitam em seu próprio cinema, principalmente ao tratar um tema pesado ,como o vazio que vem se aproximando ao avançar da Idade, e como a impressão de não se viver o presente como se deve , você acaba sempre na expectativa do futuro, sob uma ótica coletiva de um grande sonho onde todos estão numa roda de terapia.
Se tratássemos de um filme inglês, provavelmente estaríamos vendo um filme decupado dentro de um sanatório ou numa sala de jantar onde roupa suja seria lavada 70% da película... mas como se trata de um filme que homenageia Felini e Antonioni, você vai ver personagens originais e bizarros que poderiam ser seu vizinhos e diálogos apaixonados nas ações, bem como sequencias onde o diretor Paolo Sorrentino quer que a câmera esteja quase viva , cúmplice sob sua decupagem.
A GRANDE BELEZA do titulo já vem com a ironia de quanto a humanidade é viciada sensorialmente, intimidando que nunca estaremos contente com a beleza que nos cerca e sim com algo que nos surpreenda os sentidos: que toda melancolia vem quando a arte se diminui a nossos significados. Discussão essa que de tempos em tempos somos atribulados , mas torna-se o mistério devidamente sem-solução, numa deliciosa utopia que faz-se com uma edição que propositalmente se remete aos artifícios de cinema moderno (gruas nos convidando a ver de perto as pessoas e suas vidas no instante que acontecem)
 Por tudo isso, o filme tornas-e incrivelmente magnético e divertido...não é incrível?
Feito um prato italiano delicioso ,exótico e temperado de forma que se espera é que o anfitrião de tal ceia possa oferecer mais um prato, dessa vez sem vergonha de se lambuzar.


sábado, 25 de janeiro de 2014

O POÇO SEM FUNDO DA ALMA ( Análise do filme HER de Spike Jonze)


        Spike Jonze construiu sua carreria sob uma época da necessidade de filmes menos óbvios no mercado. Associado ao roteirista símbolo Charlie Kaufmann essa época surgiram Quero Ser John Malcovich e Adaptação .Dois filmes essenciais na carreira de qualquer um que tenha amor ao cinema. Quando Jonze procurou um caminho que fugisse a sombra do Kaupfmann, Jonze inicialmente não obteve o mesmo brilhio, adaptando um conto infanto-adulto ( De Onde vem os Monstros) .
          Entretanto o pulo do gato vem com a ousadia de escrever o seu próprio roteiro, sob uma ótica urgente: a solidão frente a tecnologia. HER é o filme que lhe rendeu a notoriadade de pensador de sua geração, e engajado no talvez maior problema social cultural causado pela revolução digital.
A de que a humanidade esta pronta a se entregar a segura relação com um aplicativo, as duvidas e estranhezas e mistério da alma humana.
   
O protagonista de HER , vestido por Joaquin Phoenix primoroso conversa com o estonteante programa vivido pela voz de Scarlett Yohanssen ( na melhor de suas atuações , mesmo que só tenha usado a voz no filme inteiro, mas em nenhuma só frase ela deixou de passar uma humanidade estética ) traz a tona a assustadora mensagem de que não estamos preparados a viver conosco, e que o inferno e céu da vida é um viver compartilhado.
          O filme tem um eco com Natureza Selvagem do Sean Pean , que traz o mesmo tema na interrelação natureza-homem, mas enquanto um mostra o dano físico outro mostra o dano emocional de entregar-se a uma relação individual com as sensorial periférico. Um pelo contato , outro pela simbologia. Começando o filme a mostrar o talento do protagonista em ser terceirizador de cartas escritas a mão.
        O filme é basicamente um armazém de ironias, que acabam descambando a óbvia e mais piegas das soluções. Seremos abandonados a nossa reles humanidade, e só ela é capaz de dar a esperança da saciedade , desse poço sem fundo chamado alma.
       Torcemos que Jonze , sobre a boa surpresa de roteirizar praticamente uma tese humana moderna, possa ter bala na agulha pra manter a aura filosofo-cinéfila.

LEITE MOÇA E VINAGRE ( Análise do filme Blue Jasmine)




      Uma fala editada como um filme de Lars Von Trier... uma descontinuidade cirúrgica e uma atuação monstruosa. Um dos melhores filmes de Woddy Allen. É pouco ?  foi o que deu de perceber com BLUE JASMINE.
     Impiedosamente citado como filme de Ator, o filme dá asensação que esse baixinho tem um poder de escrita clássica-moderna como poucos....um dos maiores gênios vivos. Tá certo que a atuação da Cate Blanchett é uma das mais nobres dos últimos tempos. MAs a tortura social que o diretor imprime a personagem é de uma magnânima classe que a gente chega a ter pena de uma dondoca que em qualquer outro filme falso-moralista , teriamos a vontade de vê-la na sargeta.
    Allen sutilmente nos coloca dentro do mundo de uma mulher que adotada por um universo de privilégios é jogada para o submundo de sua irmã menos privilegiada socialmente, pra mostrar dois mundos de um mesmo país que não se conversam , mal tem sequer uma intersecção.
   Como misturar leite moça e vinagre, cada diálogo pode ser constrangedor na pele da pobreza ou da riqueza... explorando sem pirotecnia a dor e a delicia de cada um ser o que cultivou durante a vida inteira.
   Quando as duas irmãs tentam uma permitir o mundo da outra ( cena esta que se dá numa festa onde "todo mundo está lá" )  as duas metem os pés pelas mãos posteriormente acordando que nunca deveriam ter saido do seu quadradinho. Por mais miserável que parecesse sua situação.
   No final , ainda na moralidade do recado de quem tem nada a perder é sempre mais feliz,  Woddy ainda pede um olhar complacente para aquele que experimentou o éden e cai como numa tragédia grega a loucura da ilusão de quem só quis sobreviver no unico mundo que soube viver a vida inteira.

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