segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A PARTE É O TODO


O cinema sofre de um dilema no mínimo constrangedor:grandes empresas cinematográficas que se sentem obrigadas em apostar seus impérios em filmes megalomaníacos ou com fãs enraigados mas que tem por ética (econômica também) dedicar alguns dolares em produções que caracterize
a empresa como preocupada em patrocinar em filmes de circuito independente. No meio do caminho: a arte cara de alguns gênios que arrancam uma fortuna
graças ao nome e criam obras de retorno duvidoso, mas essencias na história da sétima arte ( e por que não dizer na história da cultura humana?)
Essa é a segunda resenha que faço sobre SINEDOQUE NY do estreiante (na direção) CHARLIE KAUFMANN, interpretado magistralmente por Philip Seyour Hoffmann.
Isso porque a leitura inicial do filme é extremamente dificil, mediante tamanho exercício de Metalinguagem (nem tanto Lynch)e outros recursos comunicativos pouco comuns e até alguns criados pelo próprio KAUFMANN. MAs foram tantas as reações psico-somáticas que o filme me trouxe que o mais parecido filme que me atingiu de forma análoga foi 1,99 de MARCELO MASAGÂO. Uma mistura de angústia e frenesi...e a sensação de que se o roteiro exposto fosse conduzido por um diretor com mais intimidade com a imagem , teriamos uma obra ímpar e arrebatadora... cultuada e socialmente nociva (acredito que haveria uma euforia coletiva nos cinemas e alguma tragedias aconteceriam) tamanha força dos plots e dos dialogos.
Desde que ganhou o OSCAR no roteiro de BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS ele vinha sendo engolido pela necessidade de provar a ele mesmo uma genialidade atribuida... o que obrigou a dirigir suas angustias e ao mesmo tempo expor a tragédia homem moderno na sua mais fácil e triste escolha: fugir da morte ao invés de viver... controlar todos ao inves de si... colocar-se no lugar do outro ao invés de ser o estranho que aparece no espelho sem dar-se conta de que o tempo foi gasto numa procura de resposta nenhuma...e que tudo isso é feito num ato extremamente egoista onde o que menos importa é a felicidade alheia.
Imagine expor isso com um leve humor negro (ou riso complascente) numa narrativa que usa as vezes um ou outro elemento de fuga da realidade.
KAUFMANN criou um roteiro que humildemente revela que suas obras são maiores que ele. Que genialidade é uma maldição. Que a melhor maneira que ele tinha de mandar para nós a sua mensagem filosofo-hipocondríaca era coloca-la nas mãos de seu próprio controle amador.Para o bem de todos.
E numa espécie de suicídio social tudo o que ele é (e a parte do todo que somos)eterniza-se em 2 horas de filme...cravando uma placa de aviso para nosso ritmo de vida mudar antes que nos tornemos coadjuvantes de nossa própria vida.

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