domingo, 21 de junho de 2009

”A inteligência é relativa”


Na carreira do iconico Woody Allen o filme-didático Melinda e Melinda é uma pérola da exemplificação de como um tema pode ser contado como tragedia e transformado em comédia. OS IRMÂOS COEN em 2008 experimentaram a ideia filmando quase que ao mesmo tempo a tragédia com cores de comédia ONDE OS FRACOS NÂO TEM VEZ ( que por si só já são dois filmes ) e a comédia com coresde tragédia QUEIME DEPOIS DE LER.
Os dois são filmados direto ao ponto, de forma enxuta e exigindo dos atores uma ironia na interpretação propria de suas filmografias. `Mas é no delicado tema de que no choque de geraçãoes a idade pesa para quem ainda pensa em buscar espaço num mundo onde ideias de ontem já são velhas que reside a piada mais cruel de suas carreiras.
Mesmo que o contrapeso dramatico é colocado para nós na balança de suas imagens, nos dois filmes (e em especial o segundo) ele reforça a decepçao das pessoas que com a idade vão perdendo a ilusão de que o mundo é delas e enquanto a melancolia de Tommy Lee Jones vai crescendo a medida que ele se entrega para a fatalidade, a caricata fuga dos personagens de "queime depois de ler" diverte enquanto tentam reavivar desesperadamente o cadáver de suas vidas medíocres.E todos que tentam se meter aonde não são chamados perdem tudo que conquistaram até ali, salvo a instrutora de ginastica que ganha seu "premio" a custa do tragicomico fim de seus comparsas.
A mensagem nos dois filmes(como uma peça de MOLIERE) é uma só:"O tempo atropela a todos e é relativo, como a percepção de cada um para si mesmo" " e que o ato de se levar a sério é a maior perda desse tempo, tanto na tragedia como na comédia. Um filme que acabará esquecido no futuro, de propósito...alias como justamente fazemos com nosso presente.

domingo, 14 de junho de 2009

HUMANIDADE COMO HERANÇA


É justificável preparar-se para assistir O ESCAFANDRO E A BORBOLETA como quem vai para um sacrificio de emoções. A sinopse de um filme sobre alguem que fica dentro de um corpo paralizado apos um derrame permanecendo incomunicável ao mundo a não ser pelo um olho esquerdo é assustadora em todos sentidos: emocionais e tecnicas.
Entretanto o aval de que algo interessante estaria por pintar na tela vinha por dois nomes: o de JULIAN SCHNABEL (especialista em biografias) e do excelente ator MATHEU AMALRIC.Dito e feito.
Os creditos iniciais ,escolhendo imagem e som com fabulosa sensibilidade e arte, mas marginal e desconfortável, já borrifava um código de que se veria algo único.
Era mais que isso.
O sentimento de piedade é quebrado já com as primeiras imagens a partir da escolha de não mostrar o contraplano do protagonista na primeira hora do filme, vemos tudos com os olhos (ou olho) do narrador numa alternativa tecnica ousadissima e claustrofóbica... Tanto que as poucas cenas que aliviam o espectador dessa precaria condição de cumplice são as cenas libertadoras que envolvem momentos de memória e fantasia.
Apesar do filme parecer tipicamente aquele em que o ator é a alma do filme , neste o diretor ( e sua equipe é claro) é o artista...Tudo no filme é feito de forma a construir uma obra de arte, em todos os seus detalhes e nos comentarios espirituosos ( e visivelmente improvisados) dos atores...Fora as poucas e inesquecíveis cenas com Max Von Sydow.
Nunca um filme expos tanto a alma humana , delatando como a criatividade e a imaginação o que há de espirito em nós...e isso passa a ser um prego encravado em uma década tão metrossexual.
SCHNABEL nos entrega a verdadeira estética , mesmo para quem apenas busca uma boa história , obrigando a qualquer um a deixar a indiferença e a distancia passiva do voyeur e participar da angustia.
Uma experiencia visual , que carregado de humanidade que herdamos de Jean-Dominique Bauby ( o escafandro em questão e em muitos momentos a borboleta )inspirou a libertar todos que um dia passaram o olho (ou olhos) por sua triste ,porem maravilhosa existencia,seja atraves do livro, do texto, de sua propria vida ou pela sensivel camera de SCHNABEL.

terça-feira, 9 de junho de 2009

MENDES 100%


Fui ver REVOLUTIONARY ROAD com a expectativa e premissa de que SAM MENDES tivesse escorregado na carreira que alguns chegam a torcer o nariz mas a realidade é que 4 filme = 4 Obras primas (leia-se BELEZA AMERICANA, ESTRADA PARA A PERDIÇÃO , SOLDADO ANONIMO E este FOI APENAS UM SONHO ).
Como acontece algumas vezes alguem acabou sabotando com esse "inteligente" titulo que qualquer meio entendido já profetiza um filme sem final feliz... mas não imagina a destruição emocional que vem pela frente.
A experiencia do teatro (alias o filme caberia muito bem em um palco) de mendes é colocado a toda prova e até a escolha DI CAPRIO e WINSLET aparentemente comercial é fruto da propria carreira dos atores 10 anos após TITANIC: o amadurecimento foi essencial para que só os dois tomassem forma aos dialogos tão contundentes para soar da boca deles de forma tão convincente.
Os coadjuvantes (poucos e cirurgicos) levam a trama e as vezes roubam a cena ao grande estilo de Woody Allen quando se aventura e temas dramáticos.
Mas Mendes trouxe mais do que o jovem casal de TITANIC para uma lavação de roupa suja pública. Ele trouxe o tema de BELEZA AMERICANA sem humor negro: a mediocricidade coletiva e o vazio existencial provocando o inusitado e como esse inusitado é fonte para boicote social.
Em 2000 o tema foi visto como urgente, hoje esse DR ao ar livre apenas constrange e casais (que viram TITANIC juntos e apaixonados) verão esse filme e silenciarão por talvez se reconhecerem e abordar temas que é "preferivel não comentar".
O personagem de Winslet pede , sem ser atendida, veemente desde o começo que seu marido não toque nos assuntos... como a sociedade americana pedindo a Mendes ...não me mostre, por favor, ou sofreremos as consquencias disso.(O OSCAR não só desprezou o filme e sim censurou-o moralmente)
Há tantas camadas do filme que é impossivel não ve-lo de novo... apesar da dor que ele repete em nós.
A coragem desse diretor acaba trazendo o cinema integro... Um cinema europeu em pleno solo americano... Lars von Trier com verniz Yanque.. Didático e plástico. Ou seja : a propria ARTE.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Blues no Didgeridoo


Colocar o adjetivo de visionário na frente de seu nome é algo que já nasce datado... é quase como dizer que: "ainda ninguem reconhece seu talento e faz uns filmes fora do padrão..."Tres filmes e Baz Luhrmann pelo menos não passa incólume: ROMEU + JULIETA é o Sheakespeare mais essencial das adaptações e iniciou a veia pop-classica que mais tarde rendeu escolas do tipo Maria Antonieta de Sofia Copolla.
Mas é em Moulin Rouge que o diretor entregou ao cinema o limite do que "quer ser visto"...e virou um epico de proporcoes antológicas.
A palavra pretensão seguiu durante todo o hiato de sete anos sem filmar, e a história de ALEXANDRE O GRANDE com DI CAPRIO ficou entalada na curva de OlIVER STONE e o fiasco protagonizado por Colin FArrel. Suas atenções foram obrigadas a desviar para seu continete de origem: AUSTRALIA.
A campanha de markenting assustou: Tudo soava um Pearl Harbor sem a cara de porta do Ben Afleck...e os violinos no fundo do casal Hugh Jackmann e Nicole kiDMANN dava um tom de ... é... pretensão.
A verdade é que o estilo desenfreado e teatral faz o estilo consagrado de Luhrmann... mas a vontade de ser UM VENTO LEVOU aborígene e o excesso de MAgico de OZES(nem uma trilha original foi feita)...confunde-se Luhrman no timbre , na exploração dos personagens...
Há momentos que até ele larga sua assinatura e dirige a moda antiga, e quase deixa cair a peteca no prólogo pós final feliz.
E mesmo com todos os apetrechos de um mundo pseudo-yanke, a sensação de que Luhrmann conhece tanto sobre seu continente quanto nós explode aos olhos... como se houvese um olho no didgeridoo e outro na gaita de Blues...
Mas no fundo , no fundo AUSTRALIA não tem nada de errado... e talvez esse foi seu maior problema...

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