segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Pedido de Entrega


Desde sempre, a interatividade com o entretenimento é uma ferramenta sedutora para corromper a nós, "voyers" da sétima arte, ao prazer de inferir no ritmo da vida de pessoas, mesmo que elas sejam personagens. A internet tem feito essa mágica com seus jogos multiplayers e controle de roteiros de novelas, em favor a audiencias populares.
MAs ainda existe um nicho, dentro dessa lama banalizadora, que entende a interatividade no cinema como um acordo não verbal entre expectador e diretor, conduzido pelo próprio misé-en-scene. ALAIN FRESNAIS, aos seus 80 anos, consegue, sem menor força, dar uma aula de como se fazer arte, pela multipla inteligencia, e nos lembrar que a interpretação é ainda o grande comunicador da força das idéias.
MEDOS PRIVADOS EM LUGARES PÚBLICOS remete o esforço do expectador a se despir dos filmes-clips e desfila os medos mais cruéis da dramaturgia... aqueles que por serem socialmente explícitos e típicos de nossa conduta moral, são doídos por que se escondem até de nós mesmos. E FRESNAIS, gentilmente, pede inteligencia e atenção para que percebamos, no angulo da câmera, nos pés do rabugento acamado, na cor da boite do dedicado barman (curiosamente semelhante ao inferno imaginado por Mojica) e na neve dos ombros de todos os sinais do desconforto da alma da vida que resolveram esses comuns personagens escolher as pressas, sem a reflexão ou educação dos sentimentos necessária.
Tudo é sobre escolhas...perdidas ou urgentes... decisivas ou melindrosas... e tomadas de atitudes que embora talvez equivocadas, fazem-nos sentir vivos, mais pela decepção do que pelo acerto...mas que no final, tanto faz: Haviamos nos entregado ao erro quando a vida nos cobrou uma atitude.
Que bom que um ser humano da década de 60 ainda tenha vigor e sabedoria de nos presentear suas fabulas urbanas, que sua intensa vida dedicada a arte de expor o comportamento humano pelas mutiplas óticas lhe sintetizou, para que nós ainda tenhamos tempo de refletir antes de alcançar o braço para agarrar o primeiro sonho na estante do supermercado, e sem olhar ao menos o preço.

Um comentário:

Maíra disse...

Opa! Vou adicionar esse à minha lista de filmes.. ;)
Adorei o blog!

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