terça-feira, 29 de julho de 2008

QUEM AMADURECEU AFINAL?


Quantas vezes depois de certo tempo, com novas referencias e valores adquiridos, com o tempo calibrando nossa impetuosidade, temos a chance de retomar velhas discussões que não se encerraram e acabaram evoluindo principalmente em nós mesmos?
Almodovar vem para RETOMAR (VOLVER ao assunto ) que discutia na sua juventude e que por razões óbvias de sua visão contemporânea, nesse delicado filmes que mais parece uma versão didática de seus próprios filmes ( e talvez por isso a narrativa agrade mais).
O uso de seu estilo em cores e diálogo é praticamente pano de fundo para uma conversa. A trama da mulher que esconde o marido assassinado no freezer pertence a uma história ignorada pela escritora de "A flor do meu Segredo", que era vista como uma aberração e hoje, "volvendo" a idéia, se torna plausível aos valores dos dias atuais.
O peso desses assuntos retomados não são mais vistos como incompreensíveis, por isso os fantasmas pode voltar, eles não serão mais julgados como antes.
Por esse ponto de vista "Volver" se torna um indicador que talvez nosso olhar tenha amadurecido para entender finalmente Almodóvar.

PS : É claro que Almodóvar enxerga na alma feminina o discernimento para vialibilizar a volta de tudo que um dia era imperdoável.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

KUBRICK E OS OLHOS DE ROBÔ



A natureza humana é arrebatadora quanto a sua vontade de transformação do meio a favor de sua adaptação ao espaço. Quando alguma tecnologia favorece o bem estar humano acaba provocando a adaptação muitas vezes da propria sociedade a favor delas. É a pura relação homem-tecnologia discutida nos cafés filosóficos.
Essa introdução caberia perfeitamente a uma análise de 2001-uma odisséia no espaço, porem quero falar do 2001 do inteligentissimo Andrew Stanton e a razão por ele ainda pertencer junto de Brad Bird nas cabeças da PIXAR. O filme é WALL-E.
O filme não só reverencia o classico de Kubrick , como tambem aumenta a discussão e utiliza da mitologia cinematográfica com seu divisor tecnológico crucial: DO CINEMA MUDO PARA O FALADO (enquanto em 2001 é DAS MÂOS VAZIAS A FERRAMENTA)
O timing de Chaplin e todos os mestres do cinema mudo estão lá, observado por uma camera diferente, quase de vigilância, até o momento em que o obsoleto Wall-e é levado para a realidade obesa e ignorante da nova humanidade ( dominada por um robo bem a estilo do HAL) onde o ritmo e cores mudam e exigem outro tipo de dinamica e humor.
A mensagem é clara quanto ao que devemos cuidar em nossa educação: Somos os macacos do Kubrick e não os Wall-es de Stanton (pois até Wall-e quer experimentar o que temos de melhor : nossos sentimentos) mas que para desfrutarmos de toda essa ciencia precisamos olhar para os nossos registros e de contemplar a beleza do que somos capaz de criar, e o cinema ajuda a entendermos essa mensagem ( Wall-e ama "ALO DOLLY").
Quem sabe a humanidade perceba em tempo que o excesso de informações pode nos fazer esquecer nossa humanidade. E que esse magnifico filme não seja apenas visto daqui a 700 anos apenas por olhos de robô.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

PARADOXO COMICO


Não será o primeiro a dizer mas sai muito cansado da sessão que tive ao ver BATMAN O CAVALEIRO DAS TREVAS. O filme em si é uma pressão dos produtores, roteiristas e diretores em cargo da alta expectativa produzida por eles mesmo desde o ótimo ( agora só bom ) BATMAN BEGINS. O filme tinha que bombar, de qualquer jeito, em vista da gigantesca campanha de markenting produzida a um ano e de milhares de dolares na produção.
O pessimismo é tão bem articulado no filme que até as doses de humor e as atribuições esperançosas da humanidade soam artificial e deslocadas. Graças talvez ao sarcastico e magistral desempenho do finado HEATH LEADER e de todo o roteiro concentrado em AARAON AKCHARDT que tem em seu plot uma magnifica solução ao DUAS CARAS , o que era um pálido vilão. DUAS CARAS e CORINGA são os contrapesos do filme segurados por (BAtman?) não... JIM GORDON que é o personagem que segura a discussão.
As cenas de ação são evasivas, bem ao estilo de MICHAEL BAY só ofuscada pela excelente conduta dos personagens, colocando em cada um motivos tridimensionais para a maior riqueza do filme. O unico que destoa , mas de forma profunda é o Proprio CORINGA que lhe cabe uma aurea de amoralidade que o coloca alem das motivaçoes e pedra fundamental da mensagem do filme: Até que ponto chega a incorruptibilidade?
Estranhamente pode ser a própria motivação de CRISTOPHER NOLAN que quer queimar o dinheiro que ganha com seus projetos, que quer mostrar que todos tem seu preço , que heróis são mitos , que muitas vezes as cicatrizes em nós não tem uma origem especifica e que há muito mais ideias atribuidas do que originais no cinema. Ou seja: o maior herói de Nolan é o CORINGA... Porem seu maior representante teve um fim pior que seu personagem...o que não deixa de ser um paradoxo comico.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

VOCE DECIDE DE VERDADE


Quando "Genio Indomável" ganhou o OSCAR de roteiro original desliguei imediatamente a TV, estava torcendo por Desconstruindo Harry. Mas Hollywood passava por um processo de ideologia pseudo independente onde a história (dos autores) atras do filme era mais importante do que o filme em si. Assim Matt damon e Ben Afleck Ganham seu OSCAR como roteiristas... Paul T Anderson ainda não...
11 anos se passaram e MEDO DA VERDADE corrige as honras para Ben Afleck: o amadurecimento lhe abre os olhos para dois pontos: Afleck é muito melhor atras das cameras do que a frente dela e seu irmão Casey é o verdadeiro ator da família. è claro que a escolha de uma história como a de GONE BABY GONE seria difícil de receber vaias, mas não é assim tão fácil decupar cenas em que se atem a ambiguidade de suas personagens ( Morgan freeman e Ed Harris são escada para Casey Afleck e aparentemente com muita honra)mais do que o mistério que permeia a trama.
Há pelo menos dois momentos felizes do filme que só têm o peso dramático necessário por que as outras cenas vão progressivamente preparando o espectador. Criar tal afunilamento prova o domÍnio de Afleck pela obra e do conjunto dos atores ( com excessão de Michelle Monaghan que está no filme apenas para duas cenas que demonstra a irracionalidade do instinto materno transferido).
Quando um filme lhe faz opções morais e sinceras, misturadas a um filme noir moderno, somos obrigados a dar a mão a palmatória a um diretor que já se escondia atrás de uma celebridade medíocre e hoje submerge do naufrágio em que seus agentes forçaram a se submeter.

terça-feira, 1 de julho de 2008

O NOIVO CADÁVER


Não há como não louvar a parceira entre Johnny Deep e Tim Burton, que podemos ver tambem em outros medalhoes ( Scorcese e De Niro e recentemente Mortessen e Cronemberg ), e só essa quimica permitiria a Burton a se arriscar um musical de pessoas que nunca cantaram...

Isso explica o resultado de "SWENNEY TOOD", musical do teatro setentista extraido dos palcos para o cinema. A cautela para tal projeto foi extrema...tanto que o cinema ficou a desejar. A economia de numero de tomadas é visível parecendo dispensar um grande tempo para acertar o timing dos atores para com o ritmo do musical. Apesar de fantasticos , o desconforto nos olhos dos atores salta aos olhos. Tudo é comedido a uma interpretação a merce da musica que eles acabam dublando enquanto rodam a cena, Talvez para não tirar a atenção do excelente trabalho da direção de arte.

Alias, o casal é uma versão macho=femea do proprio Tim Burton, e podemos ver sua identidade sombria em diversas passagens ( Tood segura a navalha e grita: -Agora minhas mãos estão completas - seria Burton segurando a camera?)

Comparando musicais, a NOIVA CADAVER, é muito superior , mas Johnny Deep consegue acertar a mão fazendo um Swenney Tood amargo e sóbrio sem o maneirismo costumeiros de suas outras personagens, sendo o silêncio seu maior aliado na interpretação. Helena Bonhan Carter até tenta , mas ainda esta longe de carregar na voz tantas canções solo.

Enfim (detesto terminar um texto assim, mas enfim..) O redundante Burton despeja no cinema mais um mote obscuro da vida, buscando a perfeição em um sonho onde a verdadeira beleza humana está em suas mais escuras cores..

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