domingo, 14 de junho de 2009

HUMANIDADE COMO HERANÇA


É justificável preparar-se para assistir O ESCAFANDRO E A BORBOLETA como quem vai para um sacrificio de emoções. A sinopse de um filme sobre alguem que fica dentro de um corpo paralizado apos um derrame permanecendo incomunicável ao mundo a não ser pelo um olho esquerdo é assustadora em todos sentidos: emocionais e tecnicas.
Entretanto o aval de que algo interessante estaria por pintar na tela vinha por dois nomes: o de JULIAN SCHNABEL (especialista em biografias) e do excelente ator MATHEU AMALRIC.Dito e feito.
Os creditos iniciais ,escolhendo imagem e som com fabulosa sensibilidade e arte, mas marginal e desconfortável, já borrifava um código de que se veria algo único.
Era mais que isso.
O sentimento de piedade é quebrado já com as primeiras imagens a partir da escolha de não mostrar o contraplano do protagonista na primeira hora do filme, vemos tudos com os olhos (ou olho) do narrador numa alternativa tecnica ousadissima e claustrofóbica... Tanto que as poucas cenas que aliviam o espectador dessa precaria condição de cumplice são as cenas libertadoras que envolvem momentos de memória e fantasia.
Apesar do filme parecer tipicamente aquele em que o ator é a alma do filme , neste o diretor ( e sua equipe é claro) é o artista...Tudo no filme é feito de forma a construir uma obra de arte, em todos os seus detalhes e nos comentarios espirituosos ( e visivelmente improvisados) dos atores...Fora as poucas e inesquecíveis cenas com Max Von Sydow.
Nunca um filme expos tanto a alma humana , delatando como a criatividade e a imaginação o que há de espirito em nós...e isso passa a ser um prego encravado em uma década tão metrossexual.
SCHNABEL nos entrega a verdadeira estética , mesmo para quem apenas busca uma boa história , obrigando a qualquer um a deixar a indiferença e a distancia passiva do voyeur e participar da angustia.
Uma experiencia visual , que carregado de humanidade que herdamos de Jean-Dominique Bauby ( o escafandro em questão e em muitos momentos a borboleta )inspirou a libertar todos que um dia passaram o olho (ou olhos) por sua triste ,porem maravilhosa existencia,seja atraves do livro, do texto, de sua propria vida ou pela sensivel camera de SCHNABEL.

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