terça-feira, 28 de janeiro de 2014

CARA e COROA (Análise de LA GRANDE BELEZZA de PAolo Sorrentino


Antes de ler a resenha abaixo pegue uma moeda e tire cara ou coroa , leia a que der e não leia a outra .

COROA

   Há tempos o cinema italiano não nos dá uma obra com a magnitude de Felini e Antonioni. A própria Italia sabe disso e sempre se sentiu refém dessa marca. Roberto Benigni conseguiu um certo estrelato com o bom A Vida é Bela, que no fundo é a Lista de Schindler filmado por Charles Chaplin, não vejo nada de italiano nisso. Não posso deixar de mencionar Cinema Paradiso que trouxe uma sensibilidade absurda desde que pudesse ser falado sobre o cinema em si, por que as produções posteriores do Tornatore nunca receberam o mesmo status.
Finalmente um tal de Paolo Sorrentino chutou o gato morto. Se é nostalgia italiana que o mundo quer então vai lá. Com isso saiu A GRANDE BELEZA,  título e filme que poderia muito bem estar no repertório de Felini, com um pequeno detalhe: Felini não está ali.
Entretanto o mundo que compete o tempo todo com a nostalgia com até certo ar de necrofilia, aprovou o cover, como alguém que tivesse acertado uma receita de bolo da sua vó, e o filme tá levando prêmios aos rodos.
Tais homenagens poderiam mostrar uma forma de respeito aos grandes artistas da sétima arte, mas sinceramente vejo com certa preocupação. A impressão é que a sétima arte tem sido tratada nos bancos das academias cinematográficas como somente uma curadoria do passado, como formas simplesmente de ser avalizada por fantasmas. Será que nada genialmente novo pode ocupar o espaço do presente? Ou simplesmente o que nos resta é uma revisitação-colagem de tudo que já existe?
 Por tudo isso, o filme torna-se incrivelmente magnético e divertido...não é incrível?
Feito um prato italiano delicioso ,exótico e temperado de forma que se espera é que o anfitrião de tal ceia possa oferecer mais um prato, dessa vez sem vergonha de se lambuzar.

CARA

   Onírico e plastico , é muito bom ver como ainda os Italianos se revisitam em seu próprio cinema, principalmente ao tratar um tema pesado ,como o vazio que vem se aproximando ao avançar da Idade, e como a impressão de não se viver o presente como se deve , você acaba sempre na expectativa do futuro, sob uma ótica coletiva de um grande sonho onde todos estão numa roda de terapia.
Se tratássemos de um filme inglês, provavelmente estaríamos vendo um filme decupado dentro de um sanatório ou numa sala de jantar onde roupa suja seria lavada 70% da película... mas como se trata de um filme que homenageia Felini e Antonioni, você vai ver personagens originais e bizarros que poderiam ser seu vizinhos e diálogos apaixonados nas ações, bem como sequencias onde o diretor Paolo Sorrentino quer que a câmera esteja quase viva , cúmplice sob sua decupagem.
A GRANDE BELEZA do titulo já vem com a ironia de quanto a humanidade é viciada sensorialmente, intimidando que nunca estaremos contente com a beleza que nos cerca e sim com algo que nos surpreenda os sentidos: que toda melancolia vem quando a arte se diminui a nossos significados. Discussão essa que de tempos em tempos somos atribulados , mas torna-se o mistério devidamente sem-solução, numa deliciosa utopia que faz-se com uma edição que propositalmente se remete aos artifícios de cinema moderno (gruas nos convidando a ver de perto as pessoas e suas vidas no instante que acontecem)
 Por tudo isso, o filme tornas-e incrivelmente magnético e divertido...não é incrível?
Feito um prato italiano delicioso ,exótico e temperado de forma que se espera é que o anfitrião de tal ceia possa oferecer mais um prato, dessa vez sem vergonha de se lambuzar.


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