segunda-feira, 15 de março de 2010

MENTIR É MAIS INTERESSANTE


Que grata surpresa: horas depois de ter passado PU-273 (um bonitinho e escondido filme feito para a TV que mistura poesia e elementos nucleares) para um grupo de alunos chego em casa para ver O DESINFORMANTE cujo roterista Scott Z. Burns é o mesmo de PU-273 ( e de quebra ULTIMATO BOURNE).
A expectativa ainda aumenta quando o diretor deste, STEVEN SODERBERGH,tem um cinema firme e conceitual, e as vezes experimental... mas este não é o caso.
MATT DAMON é o grande espetáculo desta comédia cheia de cliches sobre espionagem, numa trilha sonora que remete aos clássicos setentistas como HAWAI-5.0 e JAMES BOND. O mais curioso é que quase não há uma palavra verdadeira no personagem de MATT DAMON, conseguindo convencer ao FBI que ele poderia passar por um informante , livrando-se assim de algumas mentiras que acabou contando para se manter no emprego.
DAMON acaba nos lembrando o quanto bom ator ele pode ser nessa formula :espionagem + mentira que parece caber como uma luva nele ( é so lembrar da trilogia BOURNE, O BOM PASTOR , os INFILTRADOS e o TALENTOSO RIPLEY).
O filme que nega a ação completamente e deposita no texto e no ator todo o peso da trama faz mostrar que o roteiro verborrágico de Burns tem uma força suficiente para enfrentar o boicote natural e anti-climax de SODEBERGH e sua câmera contemplativa.
A busca da simplicidade da captação da imagem é uma obsessão de diretor, onde em cada filme ele tenta tirar as muletas narrativas , tentando encontrar o cinema na forma mais crua: a de que não passa de uma mentira gostosa de ouvir.
Ele quer provar que sabe fazer cinemão a hora que desejar... e que filmes importantes tem que ser mostrado sem firulas . (o segundo CHE beira o insuportável de tedioso).
MAs O DESINFORMANTE diverte se voce entrar na proposta de que há mais investimento numa mentira espetacular do que a tediosa verdade.A critica a todos nós quanto ao classificar o que é bom ou ruim no cinema sutilmente vai se dissolvendo e o pupilo de Robert Altman parece homenagea-lo de certa forma numa rima rápida com o filme de seu mestre: o JOGADOR
Pode não ser a forma mais interessante de alertar o expectador das firulas que outros filmes enchem para tornar o espetáculo visual uma maquiagem para um conteúdo absurdamente fraco, mas é um caminho original sem sombra de duvida.
Quem sabe ele não queira nos lembrar do que disse Brian de Palma? de que o cinema mente 24 vezes por segundo? A intenção então é louvavel... fortemente impopular , mas louvável.

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