quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Eu, você e Todos nós mudamos (Análise de Boyhood de Richard Linklater)


Se você for fotografar uma vez por semana frutas em uma cesta exposta na sala, verá como a natureza é cruel e bela. Nada é tão moderno quanto envelhecer ja disse Arnaldo Antunes. E justamente esse desafio de retratar o tempo na hora e por que acontece vem da fotografia, que curiosamente é o tema escondido por traz de Boyhood, filme do finalmente cultuado Linklater, que tem por vida o cinema como projeto de transformação e não de afirmação estética.
Foram onze anos de praticamente contemplação, numa espécie de zoo-humano, das mutações corporais de um menino e como o mundo ao redor e as pequenas variaçoes de seu microcosmos que poderia ser o mesmo de milhoes de pessoas de classe média, e ao mesmo tempo o cinema de Linklater mudando com o protagonista, que fazem de Boyhood mais que um documentario fictício. è uma experiencia científica de como se relacionar com a camera e a alguns personagens por tanto tempo e mesmo assim fingir como nós que somos o mesmo o tempo todo.
Linklater aproxima cada vez criador de criatura a medida que as personagens vão amadurecendo e parece que ele quer inserir-se um pouco em cada um: Na mãe que fez escolhas duvidosas a vida toda, no Pai que foi se acomodando a uma vida comum e ao filho que ainda sonha em libertar-se da expectativa alheia.
O cinema de Linklater sempre foi traduzir a beleza do espontaneo (visto a trilogia do amanhecer) , mas é nesse que ele espera com paciencia tudo amadurecer para contar a cada ano como vem se relacionando com o tempo. Alias todos nós fazemos isso não é?

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