terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Vela Que Queima Nas Duas Pontas ( Análise de Birdman de Alejandro González Iñárritu )


Quando Robert Downey Jr foi escolhido como Homem de Ferro , muito falou-se sobre "Arte imita a vida e vice-versa, tudo por conta do Tony Stark, alter ego do heroi, ter uma personalidade semelhante ao do ator. Mais contundente ainda foi a escolha de Mickey Hourke para O LUTADOR de Aronowsky que caiu como uma autobiografia.
Seguindo essa linha nos deparamos com BIRDMAN , do conceituado  ,que pode não parecer mas é um filme de Super Heroi, sim. Onde um ator veterano tenta a sorte numa peça na Brodway, tentando livrar-se de uma atuação de super heroi da decada de 90. Cai como uma luva para Michael Keaton que ainda é lembrado pelo Batman de Tim Burton. Poderia-se dizer que Inarritu usa escrachadamente no que se resume o cinemão moderno e discute a linha tênue entre celebridade e quem manda em Hollywood. Quase como a mitologia do Cisne Negro ( opa, que tambem é do Aronowsky) , o protagonista luta entre estabelecer-se como um artista ou cair na graça fácil de resgatar a catarse de seu maior sucesso.
O contraponto do que fazer fica na excelencia de atuação de Edward Norton , encarnado a canalhice do ator sem escrúpulos, tendo os melhores diálogos do filme, mas é na Odisséia de Keaton é que temos nosso maior ponto de identificação.
Inarritu ironiza a função de diretor tambem, usando ferramentas lúdicas e técnicas de palno sequencia e trilha sonora alternativa, como quem acusa que os diretores querem sentir-se cults e por isso não conseguem se esconder atras de uma direção simples . A câmera quase entra no filme. Outra ironia é o surrealismo desmedido e até incoveniente e a edição muitas vezes sem continuidade.
Ou seja. Inarritu tem um filme, que se movimenta como teatro e se comunica como manifesto.
Uma declaração de que a gente só chega lá se não for a gente mesmo. Inarritu foge de si pra conseguir o que quer.O filme quase grita isso.E sendo um Felini-Scorcese-Brian de Palma-Tarantino-Lych-Spilberg é que Inarritu pode até adquirir, sob a dramatica vida de heroi de Keaton que teve que viver sob a sombra de uma personagem por pura maldade do público , tornar-se aos olhos da academia como um diretor especial.
Mas , nas entrelinhas, a palavra "especial" é definida
 num diálogo belíssimo na segunda parte da peça:

- : Você é especial. mesmo tentando se esconder nessa rotina frágil. Mesmo sendo essa bagunça gigante. Mesmo sendo essa vela que queima nas duas pontas.

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