segunda-feira, 9 de março de 2009

DILATAÇÂO DOS VALORES


Houve uma grata oportunidade de ler WATCHMEN , o mítico HQ de Alan Moore uma semana antes da estreia mundial de sua adaptação no cinema pelas mãos de Zack Snyder. Refuguei... Escolhi por um processo inverso ao de Ensaio sobre a cegueira por achar ideal ver a versão compacta e depois a série de doze Graphic Novel, para ter dois prazeres.
A impressão na TELONA é de que estavamos mesmo num túnel do tempo, como o personagem Mr. Manhatan que viajava por seu próprio passado, onde a transição 70-80 é magnificamente bem caracterizada.
A cena inicial é violenta e suja (unica vez, no qual se perde em10 minutos de filme) o suficiente para mostrar que estávamos numa viagem no mínimo incômoda... estavamos de repente numa perfeita reprodução do assassinato de Kennedy e vendo um Nixon velho governar o planeta. Snyder a cada frame parece homenagear o que é " A BIBLIA" dos quadrinhos... É genial em a idéia da desconstrução dos heróis em plena década de 80, onde a era Reegan buscava em Stallone /Rambo e Rocky o símbolo de uma nação viril e impenetrável... Essa era a mensagem crucial que tornou Moore um gênio.

O COMEDIANTE era a amoralidade do soldado americano, e suas cenas são poucas e definitivas... DR MANHATAN era a melancolia do da supremacia... RORSCHACH a sociopatia escondida atrás da justiça... O CORUJA o fã obsecado dependente de parafernalhas como um Batman frustrado... OZYMANDIAS a megalomania a serviço da humanidade e ESPECTRAL carrega o legado da fama de sua mãe... Ou seja : motivos nada nobres numa milícia mascarada...

A carga política perdeu força com o tempo....os valores da história talvez só façam sentido para quem viveu nessa época... afogado a um terror eminiente de uma guerra nuclear... mas Snyder em sua assinatura estética a lá 300 (Limpa e focal como os suspenses de Brian de Palma) tenta esticar e acelerar o tempo para dar uma sensação nova a contemplação oferecida pelos HQ. MA s o excesso de fidelidade nos mostrou um um conteudo obsoleto com embalagem nova.
O proprio MOORE lutou para que o filme não fosse feito e que sua obra fosse conhecida como no original ( que é considerada uma das 100 mais importantes da literatura de todos os tempos).
Talvez tenha razão... mas uma coisa é certa... hoje mesmo começo a lê-lo...

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